O Ministério da Saúde decidiu rever decisão de 2009 e liberou a venda do medicamento Tamiflu sem a retenção da receita. Isso ocorre no momento em que volta a crescer o número de casos graves e de mortes por gripe A no país.
O antiviral saiu ontem da lista de remédios de controle especial da Anvisa e agora deve ser vendido como medicamento de tarja vermelha, sem controle diferenciado e semelhante a anti-inflamatórios.
O ministério diz ainda ter conversado com o fabricante e as farmácias sobre a necessidade de ampliar a oferta.
Farmácias procuradas pela Folha em Florianópolis, Porto Alegre e Brasília disseram ter recebido, recentemente, as primeiras caixas depois de meses e até anos sem estoque. A reportagem não encontrou o remédio em São Paulo e no Rio.
A caixa com dez comprimidos é vendida por R$ 193.
A Roche, fabricante do medicamento, informou que "tem atendido aos pedidos".
A decisão de facilitar a venda foi tomada em paralelo à sensibilização, em curso, para que os médicos prescrevam o remédio de forma precoce. O Tamiflu é o antiviral usado massivamente no mundo contra a gripe A, causada pelo vírus H1N1.
"Médicos ainda acham estranho prescrever medicamento para tratar o vírus da gripe", diz Cláudio Maierovitch, diretor do departamento de vigilância e doenças transmissíveis do ministério.
São elegíveis para o remédio pacientes com síndrome gripal e fatores de risco ou síndrome gripal e falta de ar. Ele deve ser usado imediatamente, antes de confirmação da doença por laboratório.
CASOS
Até o dia 3, 1.099 casos e 110 mortes por gripe A foram registrados no país. No total, foram 7.043 casos e 513 mortes por síndrome respiratória aguda grave (que incluem a gripe A e outras gripes).
Apesar de a circulação do vírus H1N1 neste ano ser muito superior à de 2011, quando 27 pessoas morreram no Brasil, o ministério descarta uma epidemia. Afirma que o momento é de atenção.
O governo diz que 418,8 mil caixas do Tamiflu foram distribuídas aos Estados este ano. Pacientes com prescrições de médicos particulares também podem buscar o remédio na rede pública.