Com investimentos de R$ 12 bilhões nos últimos três anos, a saúde na cidade do Rio de Janeiro passou a contar com 66 Clínicas da Família, 12 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e quatro novos hospitais. As melhorias em infraestrutura, porém, não foram acompanhadas por medidas para solucionar a carência de profissionais, conforme aponta o presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos do Rio), Jorge Darze.
— Estrutura física tem, mas as pessoas, muitas vezes, não encontram médicos nas Clínicas da Família e UPAs. Por isso, buscam as grandes emergências, que ficam ocupadas por casos de menor gravidade. Isso resulta em superlotação e acarreta em uma série de problemas, como mortes.
Na atual gestão, algumas unidades passaram a ser administradas por OSs (Organizações Sociais), que ficaram responsáveis pela contratação de funcionários e gerenciamento dos espaços. O Sindmed estima que são mais de 10 mil funcionários terceirizados espalhados pelas unidades municipais de saúde. Segundo Jorge Darze, os médicos vinculados às OSs recebem salário de até R$ 7.500. Ainda segundo ele, a remuneração representa o triplo do valor recebido pelos concursados.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a rede municipal conta atualmente com mais de 6.700 médicos, entre concursados e terceirizados. A secretaria informou também que outros 550, aprovados em concurso realizado no ano passado, em breve serão distribuídos pelas unidades.
Em entrevista ao R7, os pré-candidatos à Prefeitura do Rio apresentaram suas propostas para solucionar os problemas ainda encontrados na saúde.
Antônio Carlos Silva (PCO)
Propomos a luta pela estatização da saúde, que não pode ser uma mercadoria. Defendemos que todos os serviços sejam assegurados pelo Estado. Vamos construir conselhos populares e colocar saúde sob controle dos profissionais do setor e da população usuária. É preciso conquistar a melhoria dos salários dos profissionais de saúde, bem como de suas condições de trabalho. É preciso abrir vagas nas universidades públicas (inclusive de medicina) para permitir a formação de médicos e outros profissionais de saúde em abundância que possam se colocar a serviço da população pobre.
Aspásia Camargo (PV)
Tem que haver um rigoroso processo de planejamento para obrigar o município a distribuir melhor os serviços segundo demandas de rotina da população. Distritos de saúde para cada 250.000 habitantes é um velho sonho, recomendado pela Organização Mundial de Saúde. Precisamos reforçar o papel dos postos de saúde. Existe enorme carência de hospitais gerais, que deveriam ter consulta com hora marcada. É preciso também que o município promova a integração dos hospitais federais, estaduais e municipais e estabeleça uma Central de Regulação e Atendimento. Temos que fazer um levantamento de todos os médicos e promover os deslocamentos necessários ou abrir concursos.
Cyro Garcia (PSTU)
É necessário que sejam disponibilizados mais leitos adequados e mais profissionais. Além disso, vamos facilitar a marcação de consultas e exames. Precisamos ter um Programa Saúde da Família integrada com outros serviços para que seja criada uma rede de acompanhamento e proteção, principalmente para as famílias mais pobres, e que possa incluir assistência social, psicológica e jurídica. Precisamos de mais profissionais, equipamentos, medicamentos. Não se pode terceirizar os hospitais, pois isso diminui os salários e a qualidade.
Eduardo Paes (PMDB)
A proposta é abrir mais 70 Clínicas da Família. Construímos cinco hospitais (Pedro 2º, Hospital da Mulher, Coordenadoria Nova Monteira e Maternidade do centro). Em breve, abriremos o Hospital da Ilha do Governador. As UPAs, responsáveis por mais de 2,1 milhões de atendimentos, aumentaram a capacidade do sistema. Demos início ao Programa de Atendimento ao Idoso e ao Cegonha Carioca, que já beneficiou 35 mil gestantes. Os avanços se devem às contratação de servidores e à gestão compartilhada das OSs. Em dois anos, contratamos quase 11 mil profissionais (concursados e celetistas) e aumentamos em 23% o número de médicos. A proposta é contratar ao menos mais 2.000 médicos.
Fernando Siqueira (PPL)
Vamos entregar a administração a profissionais concursados, nomeados por meritocracia. Abrir concurso para profissionais com planos de carreira, sendo que a escolha do local de trabalho será pela classificação. O plano de carreira proverá uma progressão funcional e de lotação em função do desempenho. Reajustar os salários de acordo com o plano de carreira. Tornar UPAs e Clínicas da Família entidades administradas por profissionais concursados. Equipar os hospitais com o que há de mais moderno em termos de materiais e equipamentos.
Marcelo Freixo (PSol)
Antes de tudo: não vamos fechar nenhuma UPA, hospital ou Clínica da Família. Mas antes de qualquer obra nosso compromisso é suprir as necessidades de recursos humanos. A falta de profissionais redunda na falta de consultas, de leitos para internação, adiamento de cirurgias, dificuldade para marcação de exames. Vamos valorizar os servidores, convocando concurso público e implementando um Plano de Cargos e Salários. Priorizaremos a criação de leitos de terapia intensiva. Ampliaremos a oferta de exames complementares (laboratório/imagem) e vamos melhorar o sistema de regulação de leitos.
Otavio Leite (PSDB)
Pretendemos estabelecer novo plano de cargos e salários para os profissionais da saúde. É necessário controlar os recursos humanos e os gastos com material, coibindo os desvios de recursos. Nossa proposta inclui ainda a transformação do sistema de saúde em sistema de saúde e ensino. Dessa forma, os alunos do internato (dois últimos anos da faculdade) e os residentes teriam a rede municipal para atuar, orientados por médicos da prefeitura, que ganhariam para tanto. Por fim, instalar uma faculdade de ciências da saúde (Medicina, Fisioterapia, Enfermagem, Odontologia, Nutrição e Fonoaudiologia) na zona oeste.
Rodrigo Maia (DEM)
Vamos iniciar um processo de reorganização do SUS na cidade, com concurso público para médicos, enfermeiros, dentistas, nutricionistas, fisioterapeutas, professores de educação física e assistentes sociais. Na nossa gestão, o SUS será respeitado e implantado de fato. Tenho um compromisso real de garantir a consulta com hora marcada e quero humanizar o atendimento. Temos muito a fazer em relação à saúde. No dia 1° de janeiro — data prevista para posse do novo prefeito, publico decreto convocando concurso público para médicos.