Há cerca de um ano o Senado aprovou dotação orçamentária na ordem de R$ 34,6 bilhões que seriam empregados na construção do trem-bala, que tinha como prazo de conclusão a Copa do Mundo 2014.
Mas, sabe-se de antemão que o projeto não ficará pronto para o mundial e por isso, a sugestão do senador Blairo Maggi é que o governo utilize esse valor na construção de 10 mil km de ferrovias ou 20 mil km de rodovias Brasil a fora.
“Já que o projeto não saiu, temos que pegar esse valor para investir no país como um todo. Temos quase 35 bilhões de reais e podemos reconstruir nossas estradas. A BR 364, por exemplo, (que corta SP, MG, MT, GO, RO e AC), está em pedaços e por ela passam 12 mil carretas por dia carregando 38 milhões de toneladas de grãos. O ministro dos transportes, Paulo Sérgio, já autorizou a licitação para essa obra, mas esse é apenas um dos problemas ”, alarmou Blairo.
Em apoio ao mato-grossense, o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), senador Antônio Carlos Valadares, explicou que grande parte dos gargalos não são motivados e nem podem ser evitados somente pelo Governo. “Temos uma legislação burocrática. Uma obra que deveria começar em quatro meses leva, no Brasil, até um ano para começar. E se está na Lei, não é possível descumprir”, exemplificou ao sugerir alterações nas legislações federal, estadual e municipal.
Valadares também enfatizou a necessidade de garantia de todas as obras de infraestrutura, uma vez que, de acordo com o parlamentar, há recursos suficientes para esse fim.
O senador Armando Monteiro fez referência ao impacto sistêmico que o atual modelo tem causado à economia brasileira. “Temos uma legislação flagrantemente desatualizada e já sabemos que os atuais modelos de estímulo ao consumo não resolvem. É preciso priorizar investimentos e pausar o consumo artificial estimulado pelo governo”, enfatizou.
Presidente da Confederação Nacional dos Transportes, o senador Clésio Andrade citou o que representa, hoje, um déficit de investimento no setor. De acordo com o parlamentar, o Brasil carece de aporte na ordem de R$ 450 bilhões em infraestrutura de transporte. Dos quais, R$ 140 bi só em investimento rodoviário e mais R$ 50 bilhões em portos. “Esses investimentos gerariam 2 milhões de empregos. Não dá mais para trabalhar só com desoneração tributária”.
A falta de investimento das rodovias brasileiras representa - em estatística de acidentes-, segundo Andrade, a queda de um boing por dia, ou seja, morrem 200 pessoas vítimas do trânsito e pelas péssimas condições das estradas. São 250 acidentes e 9,5 mil mortes por ano nas rodovias brasileiras.
Falta de investimento das rodovias brasileiras representa - em estatística de acidentes-, segundo Andrade, a queda de um boing por dia, ou seja, morrem 200 pessoas vítimas do trânsito e pelas péssimas condições das estradas. São 250 acidentes e 9,5 mil mortes por ano nas rodovias brasileiras.
TREM-BALA: SONHO X DESPERDÍCIO
Além de entraves ambientais, problemas de logística e desapropriações, definição de quem vai arcar com o valor mínimo de R$ 68 milhões por quilômetro construído e toda a sorte de aspectos legais, o projeto do trem de alta velocidade (TAV) que pretende unir Campinas e Rio por trilhos e túneis, até a Copa de 2014, vai esbarrar também numa questão histórica - nunca, em todo o mundo, levando em conta os projetos de trem-bala, foi construído algo parecido em menos de cinco anos e meio.
O ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse no começo deste mês, que o decreto presidencial que criará a Etav - estatal responsável pelo trem-bala que deve ligar Campinas a São Paulo e o Rio de Janeiro - está pronto e "pode sair a qualquer momento".
Passos confirmou que o edital para a primeira licitação do projeto tecnológico do trem de alta velocidade só deve ficar pronto após a conclusão de estudos que ainda estão sendo realizados. O último balanço da segunda fase Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2) previa o lançamento do edital até o dia 15 deste mês.
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