Dois funcionários do Grupo Schahin disseram hoje (29) ao juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato na primeira instância, que as fazendas do grupo nunca receberam embriões de gado de elite, que teriam sido comprados de empresas do pecuarista José Carlos Bumlai. O pecuarista foi preso na 21ª fase da Lava Jato. De acordo com os funcionários, a negociação foi, no entanto, registrada na contabilidade da Fazenda Agromasa, que pertence ao Grupo Schahin.
Investigadores da força-tarefa da Lava Jato afirmam que a negociação de compra e venda de sêmen de gado de elite, realizada em 2009, foi usada para simular a quitação de um empréstimo de R$ 12 milhões feito por Bumlai no Banco Schahin.
Segundo Bumlai, o empréstimo, que se destinava ao PT, foi pago mediante a contratação da Construtora Schahin como operadora do navio-sonda Vitória 10.000, da Petrobras, em 2009. O pecuarista foi preso em novembro na Operação Passe Livre e está custodiado no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Muito próximo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Bumlai foi denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Primeiro a depor hoje como testemunha de acusação, o gerente administrativo de duas fazendas do Grupo Schahin, Waldemar Merlo informou ao juiz Sergio Moro que, apesar de receber a documentação relativa à negociação dos embriões, o material genético nunca foi entregue nas propriedades rurais do grupo.
“A única coisa que me falaram foi para encaminhar [os documentos] ao contador para ele escriturar. Fiquei aguardando a entrega. Foi passando o tempo, [os embriões] não chegaram. Cheguei a falar a respeito [com superiores], mas ninguém deu resposta”.
Responsável pelo envio dos documentos, Ivan Marques Liza, coordenador das fazendas Agromasa e Turiaçu, que pertencem ao Grupo Schahin, confirmou que o material genético nunca foi entregue. “Nunca recebi nenhum embrião, mas o contrato existe. Encaminhei apenas para o contador para registro contábil”, disse. Liza disse ainda “não lembrar” que nao lembrava de quem passou os contratos. “Foram entregues por alguém da alta administração via malote”, informou.
Os depoimentos fazem parte da ação penal que tem como denunciados, além de Bumlai, o filho dele, Maurício, Salim e Milton Schahim, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o ex-gerente da estatal Eduardo Costa Vaz Musa, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobras Jorge Luiz Zelada.
Desde o surgimento das primeiras denúncias, o PT sustenta que todas as doações obtidas pelo partido foram feitas de forma legal e declaradas às autoridades.
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