Após rumores de desistências, o senador mato-grossense Pedro Taques (PDT) confirmou nesta terça-feira (29.01), em artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, que vai disputar à Presidência do Senado Federal.
O senador diz que não se importa com o resultado da disputa - ou seja, se irá ganhar ou perder -, mas sim, em mostrar suas propostas e se lançar como alternativa. "A omissão me parece sempre a pior solução", afirma no artigo
O pedetista assegura ainda que a população "tem toda razão" em desconfiar do Senado e dos políticos e que cabe a eles, criar caminhos para afastar essas desconfianças. Taques diz que "a mudança no ambiente do Legislativo deve começar pela coragem de 'mostrar a cara'". Leia abaixo o artigo na íntegra:
O cidadão tem toda razão
Desconfiar dos políticos é uma maravilhosa tradição republicana. Eu, que me orgulho de ser político, percebo que as instituições no Brasil ainda precisam caminhar muito para que o povo se sinta devidamente representado. Isso vale para os cargos do Poder Executivo, do Legislativo e até para o Judiciário, embora seus membros não sejam eleitos.
Como senador da República, vejo claramente que a Praça dos Três Poderes não tem um banco cômodo e aconchegante, no qual o cidadão brasileiro se sinta convidado a se sentar.
Isso pode mudar, evidentemente. E deve mudar. A democracia se constrói com instituições fortes, arejadas e atentas à realidade nacional. Elas são legitimadas pelo voto, nos casos do Executivo e do Legislativo, mas, também, por sua própria atuação.
A mudança no ambiente do Legislativo deve começar pela coragem de "mostrar a cara", de atuar com transparência e de defender, com firmeza, seus pontos de vista. Vencer ou perder votações e disputas não é o mais importante, porque o Senado e a Câmara devem ser, justamente, casas de debates das questões do país.
Outra exigência é a ética mais estrita, a conduta que não gera dúvidas sobre se o objetivo dos políticos é servir o Brasil ou servir-se dele. E, por fim, deve existir renovação. A dinâmica sociedade brasileira muitas vezes se espanta com o continuísmo que parece imperar em tantas instâncias de poder.
Por essas razões - transparência, ética e renovação -, resolvi lançar minha candidatura à presidência do Senado. O resultado não é o mais importante - se vou ganhar ou perder -, mas faço questão de mostrar as minhas propostas e de me lançar como alternativa. A omissão me parece sempre a pior solução.
Tenho trânsito na base de sustentação ao governo e, também, na oposição (que está excessivamente desanimada...). Participo da disputa para evitar que tudo pareça um "acordo de cavalheiros".
O Senado não pode ser um clube para poucos, que vira as costas para a sociedade que representa. Ainda que os cargos sejam ocupados de acordo com a força dos partidos e blocos partidários, a disputa interessa ao país inteiro.
As minhas propostas procuram concretizar aqueles três requisitos necessários para a mudança dos costumes políticos: transparência, ética e renovação. Não procuro confrontar ninguém, mas zelar pelo cumprimento da Constituição.
Por exemplo, as funções próprias do Legislativo, fiscalizar e legislar, devem ser prestigiadas. Hoje, elas estão diminuídas pelo agigantamento do Poder Executivo e seu gosto de legislar por medidas provisórias.
O Brasil desconfia do Senado da República, de sua atuação, de sua administração e de sua utilidade. É uma desconfiança legítima e válida. Afinal, foram tantos os escândalos em tempos recentes!
Cabe a nós, senadores, criar caminhos para que essas desconfianças sejam afastadas, mostrando trabalho honesto e duro, sempre no sentido de resolver conflitos entre os Estados e de aprimorar nosso pacto federativo. Quero ampliar as funções de ouvidoria administrativa e o papel da Comissão de Ética.
Todo candidato que se bate contra uma maioria presumida é um "anticandidato", como o foi, a seu tempo, o grande brasileiro Ulysses Guimarães.
Sou, então, um dos anticandidatos à presidência do Senado. Estou "mostrando a minha cara". Não sou o candidato da volta, mas da reviravolta. Até os peixes do rio Cuiabá sabem que não há vida se não houver coragem.
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