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Política Quinta-feira, 23 de Março de 2017, 08:26 - A | A

Quinta-feira, 23 de Março de 2017, 08h:26 - A | A

após operação da PF

Deputados pedem criação da CPI da carne

HuffPost Brasil

 

Após a Polícia Federal expor irregularidades em frigoríficos no País, a Câmara dos Deputados pode instaurar uma CPI da carne.

Os deputados Júlio Delgado (PSB-MG), Carlos Zarattini (PT-SP) e Ivan Valente (Psol-SP) protocolaram na noite desta quarta-feira (22) requerimento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar fraudes no setor.

"Cumpre a esta Casa investigar o envolvimento de agentes públicos, notadamente aqueles detentores de cargos eletivos e membros do primeiro escalão do Poder Executivo Federal", diz o pedido.

A cadeia produtiva do setor de carnes no Brasil talvez seja a que mais emprega e gera divisas na importação brasileira. A contundência da investigação é que irá retomar a credibilidade desastrada nos últimos dias. Deputado Júlio Delgado (PSB-MG)
Ministro da Justiça e deputado federal licenciado, Osmar Serraglio (PMDB-PR) chama o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016, de "grande chefe", em conversa capturada pela Polícia Federal.

Daniel é apontado como "líder da organização criminosa" pelos investigadores. No diálogo, Serraglio alerta Daniel sobre uma inspecção em um frigorífico em Iporã (PR).

O peemedebista recebeu R$ 200 mil da JBS - que detém a Friboi e a Seara - para a campanha de 2014. A empresa é investigada na operação, assim como a BRF, que controla marcas como Sadia e Perdigão.

De acordo com o superintendente regional da Polícia Federal, Maurício Moscardi Grillo, as empresas de agronegócio investigadas na Operação Carne Fraca auxiliavam em campanhas políticas de partidos como o PMDB e o PP.

A CPI irá investigar também os impactos econômicos da situação. China, União Europeia e Coréia do Sul já anunciaram medidas restritivas aos produtos brasileiros.

O objetivo da comissão é apurar ainda delitos em outras unidades da federação que não foram abarcadas pela operação "Carne fraca". A Polícia Federal apontou um esquema de propina envolvendo as unidades do Paraná, Minas Gerais e Goiás do Ministério da Agricultura.

Entre as irregularidades apontadas na investigação estão re-embalagem de produtos vencido,; excesso de água, inobservância da temperatura adequada das câmaras frigoríficas, assinaturas de certificados para exportação fora da sede da empresa e do Mapa sem checagem in loco, venda de carne imprópria para o consumo humano e uso de produtos cancerígenos em doses altas para ocultar as características que impediriam o consumo pelo consumidor.

O presidente Michel Temer minimizou as irregularidades. "Temos cerca de 4.800 plantas de frigoríficos no Brasil, só três plantas foram interditadas, e além delas mais 18 ou 19 serão investigadas", afirmou durante discurso em evento da Câmara de Comércio Americana.

No fim de semana, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, criticou a PF por supostos "erros técnicos" cometidos na Operação Carne Fraca.

Nesta terça-feira (22.03), o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Carlos Eduardo Sobral, afirmou que a Polícia Federal pode ter cometido um "erro de comunicação" na divulgação da Operação Carne Fraca.

Fila da CPI - Os deputados reuniram 208 assinaturas para o requerimento de criação da CPI. O mínimo exigido é 171. Os nomes serão conferidos e em seguida, a decisão de criar a CPI cabe ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

O regimento da Casa permite o funcionamento simultâneo de apenas cinco CPIs. Há duas hoje, a da Lei Rouanet e a da Funai. Há uma terceira, sobre indústria de multas, aguardando a indicação de integrantes e outras três aguardando a análise de Maia.

Além da fila, o presidente da Câmara pode barrar pedidos de CPI caso considere não haver o chamado "fato determinado" para investigação.

"Vamos colocar para o presidente da Casa, Rodrigo Maia, que a instalação dessa CPI tem prioridade", afirmou Ivan Valente. "Não vamos permitir manobras sobre a ordem das CPIs", completou.

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