Submetido a humilhação, xingamentos, arma engatilhada no peito em abordagens policiais, o empresário e assessor parlamentar Kleberton Feitosa Eustáquio, denunciou ao Ministério Público Estadual (MPE), a Corregedoria Geral da Polícia Militar e também levou a conduta dos militares ao conhecimento da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT).
Feitosa relatou ao e em Boletim de Ocorrência (BO), momentos da abordagem onde policiais do Grupo de Apoio Policial (GAP) do 4º Batalhão de Polícia Militar (BPM) de Várzea Grande, chegaram a engatilhar uma arma em sua direção, diante de constantes ameaças de prisão e condução a Delegacia, sem nenhuma justificativa. Ele também relatou irregularidades na revista veicular, que em nenhum momento foi solicitado o documento, xingamentos e humilhações: "vagabundo, bosta, você não tem direito a nada e assessorzinho de bosta".
“Um dos policiais engatilhou uma arma no meu peito, dizia vai para lá estou mandando, gritava você quer ser preso vagabundo, seu bosta. Gritavam fazendo aquele terrorismo”, detalhou o empresário, afirmando ao que teme pela própria vida, especialmente se essa abordagem ocorrer durante visita aos bairros.
Em busca do direito de ser respeitado como cidadão e como ser humano, Kleberton Feitosa, denunciou as duas abordagens abusivas a qual foi submetido, uma na avenida Castelo Branco e outra na Couto Magalhães. Segundo ele, a denúncia é importante para que “profissionais com ego elevado” não estrague a imagem da Polícia Militar do Estado de Mato Grosso.
“Não tenha medo, vai em busca de seus direitos e denúncia. Não tenha medo, que eles não estão acima da lei, simplesmente eles estão para cumprir a lei, respeitar o cidadão, proteger o cidadão, não é maltratar, massacrar ou humilhar. Então, todos têm que denunciar e eu vou denunciar quantas vezes for possível. Eu quero deixar bem claro, estou pronto para ser abordado todos os dias de minha vida, mas com educação, respeito e como cidadão”, declarou.
Ao , Feitosa relatou com detalhes as abordagens abusivas a qual foi submetido. Segundo ele, os policiais não esclareceram os motivos e tampouco se identificaram. Contudo, o nome de dois agentes foi identificado e nominado ao MPE, por meio da 4ª Promotoria de Justiça Criminal de Várzea Grande.
PRIMEIRA ABORDAGEM
Em seu relato ao Ministério Púbico, Feitosa disse que os policiais questionaram sobre a propriedade do veículo e o destino da viagem. Foram feitas perguntas se havia algo ilícito no veículo, que foi negado pelo assessor e posteriormente comprovada em revista veicular. Causou estranheza o fato de em momento algum ser solicitado o documento da caminhonete.
“A primeira abordagem foi no dia 6 de maio, por volta das 10h30, na avenida Castelo Branco, próximo ao Corpo de Bombeiros, uma viatura me seguiu da Alzira Santana até esse local, na encruzilhada do Corpo de Bombeiros veio uma viatura de frente, uma na lateral e uma atrás. Chegou o GAP junto, então, foram cinco viaturas. Eles abordaram, todos com mão na cabeça, reviraram o carro, fizeram ameaça velada, mas tudo bem, eu não denunciei: falei tudo bem, vou entender ser o serviço da Polícia, apesar do efetivo do 4º Batalhão disponibilizar cinco viaturas em uma caminhonete legal. Como a viatura me seguiu na Alzira, ela deve ter checado a caminhonete, mas tudo bem, deixei passar”, disse Feitosa ao .
Durante a abordagem repleta de insultos, Feitosa conta ainda que foi agredido no braço por um dos PMs quando tentou atender o telefone em uma ligação do filho. A ação foi filmada, porém, não foi feito registro de boletim de ocorrência.
SEGUNDA ABORDAGEM
A segunda abordagem foi nessa terça-feira (20.06), quando deixava a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT), por volta das 19h50.
“Passei no Quincas e seguia pela Couto Magalhães, uma viatura do Gab veio correndo, ultrapassando outros carros, e encostou atrás de nós: olhei para o motorista e falei, é conosco então encosta. Isso foi em posto próximo a Grafite, em um sinaleiro. Os policiais já desceram gritando, não na cabeça vagabundo. Os três policiais ficaram em cima de mim do lado do passageiro, nem documento do motorista pediu, não pediu documento da caminhonete e começaram. Eu, com mão na cabeça começaram a gritar, coloquei a mão para trás, e ele ficaram me aterrorizando, inclusive me ameaçaram: faram cuidado a gente está todos os dias na rua”
O terror continuou: “Outro engatilhou uma arma no meu peito, dizia vai para lá estou mandando, gritava você quer ser preso vagabundo, seu bosta. Gritavam fazendo aquele terrorismo. Eu baixei a cabeça aguentei firme, não é minha personalidade, não sei se eles queriam me levar por desacato, eles queriam alguma coisa. Eu baixei a cabeça e fui aguentando, os três em cima de mim, revezavam. Quando foram fazer revista na caminhonete falei: Júnior acompanha a revista, eles falaram, você não manda nada aqui seu vagabundo, tocaram o motorista e os três reviraram o carro, revezando intercalando, o certo é um só fazer a revista.”
AGRESSIVIDADE
Feitosa detalhou seus sentimentos no momento da agressão e concluiu que precisava reagir.
“Eu quero saber se é política, o que é, é muita agressividade como eles fazem. Eu falei chega, não aguento mais, passei mal a noite inteira. Eles falavam eu vou levar você preso, vou levá-lo para Delegacia e com tom calmo respondi, mas eu não estou fazendo nada e ele o tempo todo me chamando de vagabundo. Diziam, você está pensando que você é quem por ser assessor, eu quieto, meu coração disparava, minha perna tremia, eu cabeça baixo olhando para a ponta do meu sapado, minha barriga gelada e os caras gritando, o tem mais esquisito do mundo na Couto Magalhães”
Já a reação veio no dia seguinte, ou seja, na terça-feira (21.06) quando foi pessoalmente reconhecer os policiais envolvidos na abordagem truculenta. “Eu fui no primeiro horário no Batalhão identificar um deles que não tinha identificado. Fui a delegacia, fiz o BO contra ele, contra os três, depois fui ao Ministério Público, depois fui para Corregedoria, da Corregedoria fui a Secretaria, levei ao conhecimento até o secretário de segurança.”
INIMIGO INVISÍVEL
Segundo Feitosa, o objetivo da investigação é para identificar o verdadeiro motivo da ação: “Eu fali, preciso saber o que está acontecendo: meu medo é forjar provas, colocar drogas ou arma dentro do meu carro. Eles não deixam acompanhar a revista, não sei o que está acontecendo, juntei todas as denúncias e levei. Alguma coisa está acontecendo e eu não estou sabendo, é um inimigo invisível e eu não sei o que é, não sei se é por questões políticas ou pessoal, por isso denunciei, para abrir uma investigação e saber o que está acontecendo.”
Outro lado - O entrou em contato com a assessoria da PM/MT porém não tivemos retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Leia também: Ex-chefe de gabinete de Edna afirma que desconhecia finalidade da VI e confirma depósitos na conta da vereadora
Ver essa foto no Instagram
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).