O presidente do Sindicato dos Investigadores da Polícia Civil de Mato Grosso (Sinpol-MT), Gláucio de Abreu Castañon, em entrevista ao 
nesta terça-feira (18.07), destacou o aumento de casos de assédio moral, ameaças e sobrecarga de trabalho na Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC/MT), descrevendo a situação como uma "escravidão moderna" imposta aos policiais. Castañon também mencionou que, embora em menor grau, casos de assédio sexual também ocorrem na corporação.
Ele observou que a maioria dos casos de assédio moral é cometida por delegados com menos de três anos de experiência na Polícia Civil. O presidente do Sinpol-MT afirmou que têm buscado resolver esses casos diretamente com os delegados municipais e regionais, encaminhando as questões para as autoridades competentes. No entanto, ele ressaltou que esses casos, que deveriam ser pontuais, estão se tornando cada vez mais comuns, principalmente com a chegada de delegados mais recentes.
Castañon atribuiu essa situação a possíveis problemas na formação desses profissionais, focada excessivamente na produtividade, sem levar em consideração a carga horária e as condições de trabalho. Ele criticou a falta de liderança por parte desses delegados, afirmando que eles não sabem gerir adequadamente as delegacias e preferem impor sua autoridade verticalmente, ao invés de liderar pelo exemplo e cordialidade.
Conforme o presidente do Sinpol-MT, os policiais que denunciam o assédio enfrentam o risco de punição e, em muitos casos, são transferidos para unidades distantes, o que causa transtornos pessoais significativos. Ele também destacou a defasagem no efetivo da Polícia Civil em relação ao aumento da população em Mato Grosso desde 2003, além das condições de trabalho que exigem disponibilidade a qualquer hora, resultando em uma carga excessiva para os policiais.
Castañon ressaltou que a situação se tornou uma espécie de escravidão moderna, com policiais trabalhando muito além das horas previstas no concurso público. Ele mencionou a carga horária de 40 horas semanais, mas destacou que muitos policiais chegam a cumprir até 192 horas de sobreaviso e 172 horas de plantão por mês, devido ao chamado para atender chamadas a qualquer hora. Essa sobrecarga compromete a qualidade de vida do profissional e afeta sua saúde.
“Nosso concurso é 40 horas semanais e na iniciativa privada é 44 horas semanais. Se você tirou dois plantões de 24 horas, só aí já dá 48 horas semanais, ocorre que com Instituto do chamamento a qualquer hora [RESOLUÇÃON°090/2022/CSPJC-MT] – o policial está cumprindo duas escalas do interior, que ele chega a trabalhar por mês 192 horas de sobreaviso, mais 172 horas de plantão. Ou seja, é praticamente uma escravidão moderna”, declarou Gláucio de Abreu Castañon.
Uma vítima de assédio moral dentro da polícia, que preferiu não revelar sua identidade, compartilhou sua experiência e descreveu o ambiente de trabalho como instável, causando desgaste emocional e impacto na saúde dos policiais.
O entrou em contato com a assessoria da PJC/MT, que informou, por meio de nota, que a Corregedoria-Geral da Polícia Civil tem registrado e analisado com critério técnico as denúncias de assédio moral e sexual.
A instituição destacou que se preocupa com a situação e ressaltou a criação de uma resolução em 2021, que orienta os servidores sobre como denunciar e descreve os requisitos e consequências do assédio moral, além de enfatizar a importância do respeito e da cordialidade no ambiente de trabalho. Confira abaixo nota na íntegra
"A Instituição se preocupa com a situação do assédio, inclusive, em 2021 o Conselho Superior de Polícia criou a Resolução nº. 083, com a finalidade de esclarecer os próprios servidores sobre o assunto. O documento orienta a todos de como denunciar, descreve os requisitos que configuram o assédio moral, as consequências, entre outros esclarecimentos. A resolução destaca a importância dos servidores de se atentarem quando das suas atitudes com os colaboradores e colegas de profissão, sempre prezando pelo respeito, deferência, gentileza, cortesia, educação e compostura", cita nota.
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