Um dos assassinos confesso das mortes dos motoristas de aplicativo, identificado pelas iniciais L.F. da S., 20 anos, detalhou, em depoimento na madrugada desta terça-feira (16.04), como os crimes foram cometidos e afirmou que "pegaram gosto" por matar as vítimas. Segundo o jovem, os crimes ocorreram com os rostos descobertos, e o uso de cocaína se dava apenas após a execução dos atos criminosos.
Durante o depoimento, L.F. relatou que chegou em Cuiabá há dois meses, para trabalhar em uma empresa de montagem, onde morou em um alojamento. No entanto, ele teve que deixar o local após ser demitido.
A amizade com os comparsas menores de idade, identificados pelas iniciais E.G.M. de L. e L.P. dos S., iniciou há um mês em uma praça no bairro Cristo Rei, em Várzea Grande.
L.F. descreveu que, logo após se conhecerem, começaram a planejar roubos contra motoristas de aplicativo. O procedimento era sempre similar: solicitavam a corrida, anunciavam o assalto em determinado momento, obrigavam as vítimas a fornecer cartões bancários e senhas, paravam o veículo para realizar saques e compras, como cigarros em uma distribuidora, e então seguiam para o local onde executariam as vítimas.
Ele mencionou que, no dia 10 de abril, ao solicitar uma corrida e anunciar o assalto armado com uma faca, colocaram a vítima no porta-malas. Segundo L.F., a intenção inicial era matar o motorista, mas, após ele [vítima sobrevivente] falar sobre Deus e os criminosos verem a foto da filha no protetor de tela do celular, decidiram poupar sua vida.
Após a vítima sobrevivente falar sobre Deus e os criminosos verem a foto da filha dele no protetor de tela do celular, decidiram poupar sua vida
No entanto, o segundo motorista, Elizeu Rosa Coelho, 58 anos, não teve a mesma sorte. Em depoimento, L.F. contou que levaram Elizeu para uma região de mata, mandaram descer do veículo e, já fora do carro, L.P. o atingiu pelas costas com facadas. Após o crime, abandonaram o veículo Fiat Uno da vítima na praça do bairro Cristo Rei.
O terceiro crime, semelhante ao anterior, também foi executado por L.P., que dessa vez, de frente para a vítima, Nilson Nogueira, 42 anos, atingiu o pescoço do motorista com uma faca de serra. L.F. relatou que a faca quebrou, então ele usou um canivete que encontrou no bolso da vítima para desferir de 9 a 10 facadas no motorista. Um quarto integrante do grupo, ainda não detido e identificado pela alcunha HG, filmou o crime e compartilhou as imagens com outro menor.
Após o carro parar de funcionar, o grupo abandonou o veículo e seguiu a pé para a região do Zero Km, em Várzea Grande. Com o dinheiro de um acerto trabalhista, L.F. afirmou que foram a uma boate para comemorar a empreitada criminosa. No local, contrataram uma dançarina e três garotas de programa, com quem tiveram relações sexuais apesar de estarem sujos de sangue, sem ser questionados por ninguém.
O quarto crime ocorreu no último domingo (14), tendo Márcio Rogério Carneiro, 34 anos, como vítima. Seguindo o mesmo modus operandi, após renderem e obrigar a vítima a entregar o cartão bancário e a senha, ela foi levada para uma região de mata. Lá, os suspeitos utilizaram galhos de árvore para assassinar o motorista, enquanto L.F. apenas segurava o celular com a lanterna ligada para iluminar a cena.
Questionado sobre o que motivou o grupo a cometer os crimes, L.F. declarou que pretendiam roubar o veículo para vendê-lo e comprar uma arma de fogo. Indagado sobre o motivo de executar as vítimas mesmo sem reação da parte delas, ele enfatizou que "pegaram gosto por matar”.
Após ser ouvido, L.F., foi conduzido para audiência de custódia.
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