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Polícia Terça-feira, 09 de Julho de 2024, 16:10 - A | A

Terça-feira, 09 de Julho de 2024, 16h:10 - A | A

"LÁZARO CUIABANO"

MST denuncia agressões da polícia em ação para capturar assassino de sargento

Segundo comunicado, policiais confundiram amigo de um assentado com o suspeito

Lázaro Thor/VGN

O Movimento Sem-Terra denunciou na última segunda-feira (08.07) ação da Polícia Militar que teria provocado "tortura e agressão psicológica" no acampamento Palestina Livre, no municípiode Juscimeira, na madrugada de segunda (08.07). O acampamento fica próximo aos assentamentos Beleza e Egídio Brunetto

No comunicado enviado à imprensa, o MST informou que "Comandante Handson", da Polícia Militar, teria informado que ação seria para prender o assassindo do sargento Odenil Alves, o faccionado Raffael Amorim de Brito. 

“Essa operação era para capturar e prender Rafael Amorim de Brito, um bandido foragido e perigoso da qual suspeitavam que estivesse no acampamento”, teria dito o comandante, segundo trecho do comunicado do MST. 

De acordo com o relato, um dos assentados foi interrogado sob suspeita de estar na companhia do assassino do sargento no último domingo. O homem então teria mostrado uma foto no celular com o seu amigo com quem estava no domingo. Os policiais perceberam que o amigo era apenas semelhante ao suspeito e pediram desculpas. 

Segundo o MST, mais de 60 barracos foram danificados durante a ação dos policiais. Os moradores do assentamento foram levados ao barracão comunitário do local e interrogados pelos policiais mediante tortura, de acordo com o comunicado. 

"Um morador em especial foi pego e queriam que dissesse onde estava o bandido, o acusando de estar mentindo, o mesmo foi chamado várias vezes de vagabundo, ameaçaram que iam dar “uma taca” ai queriam ver se ele não falava, em um momento das ameaças um dos policiais deu um soco nas costas do mesmo", diz trecho do comunicado. 

Leia mais: Governador diz que não vai aumentar recompensa por assassino de sargento da PM

Leia a nota na íntegra:

NOTA PÚBLICA DE DENÚNCIA DA AÇÃO VIOLENTA DAS
FORÇAS DE SEGURANÇA DO ESTADO DE MATO GROSSO
CONTRA OS TRABALHADORES SEM TERRA

Nesta segunda-feira, 8 de julho de 2024 por volta das 4 horas da manhã, o
Acampamento Palestina Livre, localizado dentro do Assentamento Egídio Brunetto,
Município de Juscimeira-MT, ou seja, área particular cedida para o mesmo, foi
invadido, em uma operação truculenta, por vários agentes das forças policiais do Estado
de Mato Grosso, sendo: Força Tática, GOE, DHPP, ROTAN, Patrulha Rural, Polícia
Militar, Polícia Civil (essas são algumas das que foram possível identificar).
Segundo o Comandante Handson, “essa operação era para capturar e prender
Rafael Amorim de Brito, um bandido foragido e perigoso da qual suspeitavam que
estivesse no acampamento”. A ação foi de forma violenta, com torturas psicológicas,
físicas e com danos em mais de 60 barracos, os quais detalhamos abaixo:
As famílias foram brutalmente acordadas durante a madrugada, onde receberam
ameaças e foram levadas para o barracão comunitário sem saber o que estava
acontecendo, um morador em especial foi pego e questionado para que dissesse onde
estava o bandido, e mesmo sem nada saber, foi acusado de estar mentindo, foi chamado
várias vezes de vagabundo e o ameaçaram, dizendo que dariam “uma taca” para ver se
ele falava. Ainda, em um momento das ameaças um dos policiais deu um soco nas costas
do mesmo.
Outro morador, que suspeitavam que poderia ter informações sobre o procurado,
foi buscado no seu local de trabalho, em um frigorífico na Vila Nova, em Juscimeira,
trazido de camburão, o levaram numa estrada à margem do Rio Prata e fizeram muitas
ameaças, o mantiveram sentado ao chão sobre muita pressão e afirmavam que o mesmo
estava junto com o procurado no domingo, e ao mostrar no celular a foto do amigo com
quem realmente esteve, os policiais perceberam que não tinha semelhança, nesse
momento o levaram de volta ao seu trabalho, depois de toda a humilhação e ameaça.
Em outra situação, um policial ao chegar no barraco de uma família, saiu o pai,
a mãe e uma adolescente de 14 anos assustados, o policial de forma truculenta e
arrogante pediu somente para a adolescente levantar a blusa, numa atitude de assédio e
de total falta de respeito.
Mais de 60 barracos foram arrombados e tiveram as lonas cortadas em vários
locais, mesmo os que estavam fechados com cadeado para fora, outros nem porta tinham,
outros as pessoas estavam no barraco e prestaram as informações e mesmo assim tiveram
as lonas cortadas. Essa atitude demonstra o total despreparo e desrespeito das forças
policiais em lidar com trabalhadores e trabalhadoras que lutam pelo acesso à terra. Cada
barraco conta com mais de um corte na lona, sendo que de imediato já viam que não
tinha ninguém dentro. Uma moradora relata “É verdade que são barracos, mas é a nossa
casa, compramos as lonas e agora, quem vai nos dar outra?”
Além de toda truculência com as famílias acampadas, fecharam a MT 373 em
frente ao acampamento impedindo muitas pessoas de irem ao trabalho na cidade e
região, igualmente, o ônibus escolar não pode passar e as crianças do Assentamento
Beleza e Egídio Brunetto foram impedidas de irem às aulas.
Mais uma vez o APARATO POLICIAL DO ESTADO DE MATO GROSSO
age com truculência e preconceito contra as famílias Sem Terra do MST, que estão na
luta reivindicando junto ao INCRA e ao Governo Federal seu direito constitucional a ter
um pedaço de Terra para viver e produzir alimentos. O acampamento é uma luta legítima
para que a Constituição Federal seja cumprida, onde as terras que não estão cumprindo
sua função social sejam desapropriadas para fins da Reforma Agrária.
Quanto será que essa operação custou aos cofres públicos? Porque será que a
Polícia continua agindo e tratando trabalhadores como bandidos com aval do Governo
do Estado?
Desta forma, tendo-se em vista que nossa luta é legítima, onde vivem no
acampamento mulheres, homens, crianças e idosos, trabalhadores e trabalhadoras sem
terra, que acreditam na justiça e que, portanto, pedimos que seja apurada todas essas
irregularidades cometidas pelos policiais com aval do Governo do Estado de Mato
Grosso, nessa operação desastrada e solicitamos também que a SETASC/MT reponha
as lonas que foram rasgadas pela ação truculenta dos policiais.
Atenciosamente,
Direção Estadual do MST- MT

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