Em Mato Grosso, 66 mulheres foram mortas dentre o período de 1° de janeiro a 15 de outubro. Os dados são da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), solicitado pela reportagem do oticias nessa sexta-feira (09.11). Conforme a Secretaria, pelo menos metade das mortes, são por motivos passionais, quando são praticados pelo marido, esposo, namorado ou convivente.
A Sesp ainda informa, que nem todas estas mortes contabilizadas são consideradas feminicídio. Pois, há casos de envolvimento do tráfico de drogas e assassinatos causados por outras mulheres.
O juiz da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Jamilson Haddad Campos, qualifica o feminicídio como um homicídio qualificado quando a mulher é morta por ser do sexo feminino.
“É um homicídio doloso qualificado contra pessoas do sexo feminino, quando há um menosprezo, uma desvalorização da mulher. Nem toda morte de mulher é feminicídio”, explica o juiz.
No ano de 2016, houve 91 casos de homicídios contra a mulher. Em 2017, houve uma queda e ocorreu 84 casos.
A promotora de justiça Lindinalva Rodrigues, da Vara Especializada no Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher, calcula que 77% dos crimes de feminicídio ocorrem quando o homem não aceita o fim do relacionamento.
“Quando a mulher não quer mais nenhum contato com o agressor, é o momento em que ele atenta contra a vida da vítima e também contra quem está próximo dela”, alerta a delegada.
A delegada Juliana Chiquito Palhares, da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), diz que os feminicidas tendem a atacar a beleza da mulher. “Eles querem fazer algo que deixe marcas permanentes, como desfigurar o rosto com golpes de objetos ou ácido, desfiguração do seio e até casos de arrancar fetos quando a vítima está grávida”, destaca.
Palhares fala que os homens cometem o crime por motivos fúteis. “O homem quer se impor, não se importa com a vontade da mulher. Gostaria de entender o sentimento do agressor. A dependência emocional destas mulheres atrapalha e as levam a perdoar as agressões e até chegam a achar que são culpadas pelas as agressões. Elas acham que os maridos nunca podem atentar contra a sua vida”, comenta a delegada.
Marido mata ex-mulher e se enforca em Sinop
A servidora da Prefeitura de Sinop, Marta Alves Martins, 40 anos, foi encontrada morta na manhã do dia 05 de outubro no Residencial Delta, em Sinop (365km de Cuiabá). O principal suspeito de ter cometido o crime é o ex-marido, Ilse Tomé, 49 anos, que foi encontrado morto enforcado em uma estrada vicinal, a 50 metros do local do crime. O casal tinha 25 anos de casamento, a mulher tinha medida protetiva contra o marido.
Homem mata ex-esposa em motel de VG - Bianela Mylla Dias da Silva, 30 anos, foi morta a facadas no Motel Kero Mais, localizado no Bairro Nova Fronteira, em Várzea Grande, na tarde desta quarta-feira (24.10). Segundo informações do 4º Batalhão da Polícia Militar, o casal entrou no quarto por volta das 13h58min e às 15h48min, o suspeito Laurinei Souza Ferreira, saiu sozinho. Ela morava no Residencial São Benedito, no bairro São Mateus.
O suspeito saiu e pediu a conta informando que a mulher iria aguardar um Uber no quarto. Em seguida, Laurinei confessou o crime e avisou os familiares e vizinhos da vítima que ela estava morta. A mulher foi morta a facadas. Laurinei foi preso ao rondar a missa de sétimo dia da esposa. A prisão foi decretada após ameaças do suspeito a família da vítima.
Servidor da Prefeitura de VG mata companheira e tira a própria vida
Em janeiro deste ano, o servidor da Prefeitura de Várzea Grande e vice-presidente do Sindicato dos Taxistas do município, Vitorino José da Cruz, vulgo "Teté", matou a companheira Célia Cristina Ferreira, 41 anos, e depois tirou a própria vida em uma residência à rua José Luiz Coelho, bairro Pirinéu, em Várzea Grande.
Vitorino era lotado na Secretaria Municipal de Educação, Esporte e Lazer, e ocupava o cargo de coordenador técnico de Esportes.
Segundo policiais do 4° Batalhão da Polícia Militar, após assassinar a esposa com um revólver calibre .38, ele utilizou a arma para se matar.
Realidade triste - Cerca de 45% dos processos que tramitam nas Varas de Violência Doméstica de Mato Grosso, prescrevem. A afirmação é da coordenadora estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar no âmbito do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (Cemulher), desembargadora Maria Erotides Kneip, que tem trabalhado para mudar este triste quadro.
“Imagina a prescrição para uma mulher que vem vencendo todas as barreiras, denunciou o seu marido, pai dos seus filhos, ver uma prescrição, é para ela o auge da desilusão, da descrença na Justiça e a gente está procurando evitar isso”, lamenta a desembragadora.
Erotides explicou ao oticias, que o prazo de prescrição é de três anos – o inquérito demora quase um ano para se concluir – daí vai para o Ministério Público, quando saí a sentença e o réu não cumpre porque a pena está prescrita.
“Queremos efetivar na prática a Justiça – para garantir que o réu cumpra a pena – mas para isso é preciso melhorar o índice de efetividade das decisões. E isso inclui esforço da Polícia Civil na hora de instruir os inquéritos, a Polícia Militar quando faz boletim de ocorrência e os oficiais de Justiça na intimação dos réus. Este conjunto de esforços vai garantir que o processo seja julgado em menor tempo, sem que a pena esteja prescrita. Estamos tentando sensibilizar os oficias de Justiça, porque é uma ponta muito importante”, disse Maria Erotides.
Leia Mais - Mulher é morta a facadas em motel de VG
Marido mata ex-mulher e se enforca em MT
Servidor da Prefeitura de VG mata companheira e depois se suicida
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).