“Corporativismo ou omissão institucional?” — esse foi o questionamento feito por uma internauta do ao denunciar um sargento da Polícia Militar de Mato Grosso que, mesmo com um extenso histórico criminal — incluindo condenações — continua exercendo suas funções públicas.
Em 2024, o 2º sargento Nelson José da Silva Junior, lançou pré-candidatura a vereador por Cuiabá, pelo partido Podemos, declarando R$ 50 mil em bens. No entanto, sua candidatura foi barrada por estar inelegível, impedindo-o de concorrer ao cargo no Legislativo municipal.
Segundo a denunciante, casos como o do sargento expõem falhas graves nos mecanismos de fiscalização e responsabilização nas instituições militares. A permanência de agentes com histórico incompatível com a função pública compromete a credibilidade da corporação e representa um risco à segurança da população.
Levantamento do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) revela que o militar foi citado em pelo menos 22 processos criminais até 2021. Entre os crimes atribuídos estão: receptação qualificada de veículos, uso de moeda falsa, extorsão, ameaça e violência contra a mulher.
Já foi condenado em ao menos dois desses processos. No de número 0008387-46.2010.8.11.0042, foi sentenciado a três anos de reclusão e ao pagamento de 10 dias-multa, por receptação qualificada. No processo 1001486-28.2021.8.11.0020, recebeu pena de três anos e seis meses de reclusão, além de 12 dias-multa, pelo mesmo crime.
As acusações, porém, não param por aí. Em consulta recente ao sistema do TJMT, constam processos envolvendo o sargento em fraudes contratuais, estelionato e ameaças. No processo n.º 1019077-66.2023.8.11.0041, há áudios atribuídos ao militar em que ele profere ameaças de morte, chegando a afirmar que “explodiria” a vítima. Já no processo 1033210-79.2024.8.11.0041, ele é novamente acusado de extorsão, estelionato e novas ameaças, com encaminhamento à Corregedoria da Polícia Militar.
Uma das supostas vítimas, que preferiu não se identificar por medo de represálias, afirma ter tido acesso a parecer da própria Corregedoria recomendando a exclusão do sargento da corporação. No entanto, segundo ela, o processo foi interrompido sem justificativa. “Nunca explicaram o porquê. Ele continua trabalhando normalmente”, relatou.
Em nova denúncia, formalizada em 25 de maio de 2024, às 14h, a vítima acusa o sargento de ameaçar de morte seu filho e sua ex-esposa. Também relata ter sido alvo de calúnias e difamações, por meio de áudios, mensagens e ligações telefônicas, após se recusar a transferir seu único imóvel ao militar. O denunciante afirma que, apesar do vasto histórico criminal, nenhuma providência foi tomada pela Corregedoria, o que, segundo ele, representa uma omissão institucional grave e um péssimo exemplo para a corporação.
Outro lado
A reportagem tentou contato com a Corregedoria da Polícia Militar, por e-mail e pelo aplicativo WhatsApp, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. O espaço segue aberto para eventual manifestação.
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