O delegado da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), Marcel Oliveira, em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (24.08), afirmou que o ex-PM Almir Monteiro dos Reis, 49 anos, assassino da advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, 48 anos, foi indiciado pelos crimes de estupro, homicídio com quatro qualificadores – futilidade, asfixia por meio cruel diante da quantidade de espancamento, feminicídio e crime de fraude processual.
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O inquérito foi concluído na noite dessa quarta-feira (23), e encaminhado ao Poder Judiciário e está justamente com o Ministério Público (PM/MT) para verificar se oferece a denúncia ou remete para novas diligências.
Em relação à conclusão do inquérito e baseado com o testemunho de uma mulher que passou por momentos parecidos com o suspeito, o delegado disse que Almir antes de matar a advogada, teria virado ela de costas e forçando seus braços, tentou manter relação sexual anal, e quando a vítima recusou, o ex-PM espancou e asfixiou por compressão e tamponamento a advogada até a morte, ou seja, o assassino teria pressionado a barriga de Cristiane com o joelho e asfixiado ela com o travesseiro.
A advogado foi morta entre meia-noite e 2 horas da manhã de sábado (12) para domingo (13). Após o crime, Almir tirou o corpo de Cristiane do quarto, deixando pingos de sangue pela casa. Na sala o corpo ficou algum tempo, pois tinham mais machas de sangue, e depois que colocou o corpo no veículo fez a limpeza da casa utilizando produtos químicos como creolina, assim como lavou as roupas de cama.
De acordo com Marcel, depois de limpar a cena do crime, por volta das 08h30 de domingo (13), ex-PM colocou o corpo de Cristiane dentro do veículo [Jeep Renegade da vítima], e se dirigiu ao Parque das Águas, onde abandonou o automóvel com a vítima dentro.
Almir retornou para sua residência por meio de um veículo de aplicativo. O ex-PM, 30 minutos após deixar o automóvel do parque, já estava beijando outra mulher em frente à sua residência.
Ainda na noite de domingo (13), os policiais chegaram ao assassino, e quando o abordaram em sua residência, ele ainda estava acompanhado de uma mulher. Ao ser questionado se sabia o que polícia estava fazendo lá, o ex-PM disse que não e soltou: “A mulher, eu transei com ela a noite toda”. Ao ser indagado qual mulher? Ele disse: “A mulher do carro verde. Então eu pensei, estamos no lugar certo”, relatou o delegado.
Marcel disse que o questionou sobre a porrada na cabeça, e então ele disse que falaria a verdade, que Cristiane teria caído na sala e batido a cabeça no momento que deixou a casa. Quando questionei que tinha mais pancada na cabeça, ele declarou que ela teria batido a cabeça também no quarto.
“Então, ele por si só ele foi caindo nas próprias mentiras dele. Até que no final ele falou, ó, tinha um pouquinho de sangue aqui. Aí ele falou, ah, mas aqui também tinha um pouquinho. E na delegacia, ele botou a mão na cabeça, e dizendo: Eu até esperava uma hora ser preso, tal, mas não tão rápido, né? Ele falou não esperava ser preso tão rápido e foi justamente o que aconteceu”, explicou Marcel.
Durante a perícia nos cômodos, foram encontrados sangue no colchão, manchas no corredor e na sala, além de presença de sangue em todas as maçanetas da casa, onde Almir utilizou para se livrar das provas do crime.
A mulher que estava com ele colaborou com as informações, dizendo que conheceu Almir por aplicativo de mensagens e aquela seria a terceira vez que se encontravam. A mulher ainda agradeceu aos investigadores, pois segunda ela, poderia a ser a próxima vítima.
Questionado se o laudo de esquizofrenia que Almir tem, e onde a defesa tenta utilizar para uma interneção, significa que o ex-PM tinha ou não consciência no momento do assassinato e se merece passar pelo Tribunal do Júri, Marcel disse existem questões de caráter técnico, onde somente um médico psiquiatra conseguiria fazer essa análise, mas ele, baseado nos fatos concretos, como os da investigação que Almir recentemente tirou a carteira de motorista, e o laudo comprovou que ele estava apto tanto em suas capacidades físicas e mentais. Segundo o delegado, pessoas que praticam o crime de feminicídio costumam alegar problemas de diabetes, psiquiátricos, problemas de infância, tudo isso para fugir da aplicação da pena.
“Quando encontramos ele, ele se mostrou uma pessoa com capacidade mental para analisar conversar e dizer tudo o que estava acontecendo ali. Então se me perguntarem isso, eu do ponto de vista policial, eu vejo como uma pessoa capaz. Muito tranquilo”, concluiu o delegado Marcel.
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