O Grupo Especial de Fronteira (Gefron) apresentou à Justiça Federal um relatório que detalha a atuação de organizações criminosas no garimpo ilegal localizado na Terra Indígena Sararé, região de Pontes e Lacerda, a 445 km de Cuiabá. O documento aponta o envolvimento da facção Comando Vermelho (CV) em práticas que abrangem desde o controle da venda de produtos ilícitos até a imposição de restrições para o abastecimento de combustíveis, que somente podem ser adquiridos de integrantes da facção.
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De acordo com o relatório, obtido com exclusividade pelo #VGN, o CV tem implementado regras rígidas tanto nas áreas de garimpo ilegal quanto em estabelecimentos situados nas redondezas. A facção estaria obrigando comerciantes e proprietários de boates em Pontes e Lacerda a adquirir produtos, como drogas, whisky e cigarros, exclusivamente de seus integrantes. Essa prática também foi constatada no garimpo da Terra Indígena Sararé, onde combustíveis só podem ser comprados de membros da facção, fortalecendo economicamente o grupo criminoso.
Entre 2020 e setembro de 2024, o Gefron registrou 28 boletins de ocorrência relacionados à mineração ilegal e crimes associados. Dentre os casos destacados, inclui uma recente chacina ocorrida dentro da Terra Indígena Sararé, que resultou em quatro mortos e um ferido. As investigações indicam que a motivação do crime foi uma disputa por áreas de exploração e levantam a hipótese de envolvimento de facções criminosas.
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O relatório também alerta para a presença de pessoas armadas no garimpo, que utilizam armas para manter a ordem interna e proteger as áreas mais lucrativas. Essa prática reflete a hierarquia imposta pelos líderes das operações ilegais.
A região, situada na fronteira com a Bolívia, sofre forte influência do tráfico internacional de drogas e armas. A acumulação de capital gerada pelo garimpo ilegal tem fomentado a aquisição de cocaína e armamentos no país vizinho, fortalecendo organizações criminosas na fronteira.
Por fim, o Gefron destaca que o garimpo ilegal não apenas intensifica a violência local, mas também contribui para o financiamento de crimes transnacionais, incluindo o tráfico de drogas e armas.
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