A Associação de Servidores da Penitenciária Central do Estado (Aspec) comandava um "mercadinho" dentro do presídio em Mato Grosso. Este estabelecimento praticava preços superinflacionados para os detentos. A investigação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) aponta que o estabelecimento possibilitava a circulação de mercadorias e capitais de maneira autônoma pelos líderes faccionados.
A operação busca arrecadar documentos que comprovem vínculos de transações financeiras e enriquecimento ilícito. Segundo o Gaeco, apesar da Associação não possuir capital social, movimentou entre o período de 18/09/2019 a 03/07/2023, mais de R$ 13 milhões.
Em junho de 2019, a Aspec teve recursos apreendidos durante cumprimento de um mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Assepsia em que foi apreendido R$ 60.500,00. A Aspec tentou reaver o valor apreendido, alegando que se tratava de mercadorias comercializadas legalmente pela associação.
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O Ministério Público de Mato Grosso, ao analisar o processo, afirmou que a legalidade não foi comprovada e a juíza Ana Cristina Mendes, da 7ª Vara Criminal, não acatou o pedido de devolução.
"Todo o valor apreendido é originário do mercado na Requerente, estabelecido no interior da PCE — Penitenciária Central do Estado, local em houve a apreensão aqui pedida a restituição", afirmou, na época, a defesa da Aspec.
"Para comprovar, juntamos a esta, a receita das vendas das mercadorias como também as notas fiscais da compra destas mercadorias, para revenda, fornecidos pelo escritório de contabilidade da requerente", concluiu.
As notas fiscais apresentadas mostram que o faturamento do "mercadinho" da Aspec variava entre R$ 7 mil e R$ 33 mil por dia.
Freezer dentro da PCE para "regalia" de preso
Na época, as investigações da Operação Assepsia revelaram que em junho de 2019 os diretores da PCE deixaram entrar uma caminhonete Ford Ranger, dentro do presídio, com um freezer branco na carroceria.
Segundo a denúncia, o freezer recheado de celulares estava no presídio a pedido de um detento identificado como "Petróleo".
Uma agente prisional, sem saber que o freezer foi enviado pelo diretor do presídio, ordenou que ele fosse passado pelo scanner, foi quando o crime foi descoberto e as investigações começaram.
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