A renúncia do presidente da Federação do Comércio de Mato Grosso (FECOMERCIO), Pedro Nadaf, assinada dentro de um presídio de Mato Grosso encerra um ciclo que, fatalmente, pelo histórico e forma conquistada estava programada para ter o desfecho que teve. O homem que tinha dois pequenos comércios na Capital, uma Casa de Esfihas e uma loja no Shopping, que não prosperaram, conseguiu construir um verdadeiro "império". Vale lembrar que, Pedro Nadaf e nenhum outro diretor da Fecomércio recebem remuneração para administrar a entidade. Mesmo assim, Pedro conseguiu a proeza de construir um grande patrimônio, apenas ministrando cursos motivacionais e ocupando cargos de secretário de Estado.
Conforme as atas da Fecomércio tudo começou em 25/10/1985 quando seu pai, Jamil Boutros Nadaf (1948/2009) se elegeu para presidente da entidade e se manteve no comando da mesma até 30/06/2004.
Para isso, ao longo dos anos, Boutros sempre com o auxílio do filho Pedro, promoveu alterações estatutárias da entidade, aumentando mandatos, permitindo seguidas reeleições, conforme pode se averiguado pelas atas da Associação Comercial de Cuiabá, sindicatos filiados a Fecomércio e outras entidades com direito a voto.
Para que a situação perdurasse, não podiam ser criados novos Sindicatos, e os Nadaf (pai e filho) não mediram esforços para manter a representatividade da categoria utilizando de influência na Confederação Nacional do Comércio (CNC) para evitar que mais cartas sindicais fossem emitidas pelo Ministério do Trabalho.
Diz uma fonte do VG Notícias que era costume lavrarem atas fictícias com reuniões para alguns revezarem no cargo e dar legalidade à situação, e Pedro sempre compondo a diretoria revezava-se em cargos e aumentava influência e poder dentro da entidade.
Durante o período em que esteve à frente da Fecomércio, Nadaf foi acusado de praticar várias irregularidades e chegou a ser condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por fraldar licitações. Também foi acusado de usar de compra e venda de imóveis para o Serviço Social do Comércio (SESC) superfaturando valores e lucrar indevidamente.
O ex-secretário e agora ex-presidente da entidade, que se encontra preso em Cuiabá foi aumentando seu poder na Fecomercio que, culminou com um golpe fatal no próprio pai, Jamil, que na época ficou muito decepcionado, mas aceitou a manobra do sucessor, que passou a comandar a entidade.
Com a ascensão de um novo grupo político em Mato Grosso, Pedro Nadaf foi derivando seu comando para o poder público estadual ao se aproximar do ex-governador Blairo Maggi em seu segundo mandato, quando exerceu o cargo de secretário de Estado de Turismo.
Com a desincompatibilização de Blairo Maggi do cargo de governador, assumiu seu vice, Silval Barbosa (PMDB), e Pedro Nadaf foi alçado à condição de secretário de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia, e posteriormente, chegou à condição de homem forte do governador ao assumir o comando da Casa Civil do Governo do Estado.
Hoje, seguramente, pode se destacar que a ascensão de Pedro Nadaf na administração do governo Silval Barbosa se deu em virtude dos resultados obtidos com os lucros com concessão dos incentivos fiscais e transferidos para uma organização criminosa conforme denúncia oferecida pelo Ministério Público de Mato Grosso (MP/MT).
Com a renúncia de Pedro Nadaf da Presidência da Fecomércio, assume o vice Hermes Martins da Cunha, que sempre acompanhou a trajetória e participou ativamente das administrações do ex-presidente da entidade.
Outros que se destacaram na história da Fecomércio juntamente com o ex-presidente Pedro Nadaf foram: Jonas Alves de Souza, João Flávio Barbosa Salles, Roberto Peron, Pascoli Romani, Marcos Amorim da Silva, Manoel Procópio da Silva, Mohamed Rahim Farhat, Claudio Salles Picchi, Ricardo Ramão Cristaldo, Paulo Sérgio Ribeiro, João Batista de Oliveira Lemos, Moyses Feres Zarour, Roberto Tarrago Cademartori, Gislaine de Arruda e Silva Tomaz, Edson Jacobina Leite Bezerra Manoel Comes, entre outros.
Hoje a vida do ex-“homem forte” de Silval e ex-presidente da Fecomercio se resume a prisão e viagens de camburão do sistema penitenciário para depor, tanto nas Comissões Parlamentares de Investigação (CPI) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso que investigam irregularidades nas obras da Copa e na concessão de incentivos fiscais, quanto no Poder Judiciário do Estado.
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