por Wilson Pires*
Na margem esquerda do Rio Cuiabá, havia um porto improvisado, que servia de apoio aos desbravadores que iam rumo ao norte do Estado. Este ponto estratégico tornou-se parada obrigatória para todos que seguiam à direção norte. Daquele ponto nasceu uma estrada boiadeira que seguia até um modesto planalto, utilizado como descanso (hoje Aeroporto Mal. Cândido Rondon).
Ao redor deste planalto existia uma grande várzea e em virtude da Guerra do Paraguai, temendo-se um massacre de Paraguaios que moravam Cuiabá e região, foi criado ali um campo de concentração de prisioneiros e o local ficou conhecido como Várzea Grande. Então, em 15 de Maio de 1867, o Presidente da Província de Mato Grosso, Dr. José Vieira Couto de Magalhães, fundou oficialmente Várzea Grande, com objetivo militar.
EVOLUÇÃO DO POVOADO – O crescimento do povoado foi lento até a abolição da Escravatura no Brasil. Não se tem registros de fatos ou acontecimentos importantes em progresso, a não ser a balsa sobre o Rio Cuiabá, que de certa forma contribui para acelerar o crescimento do pequeno lugarejo já chamado de Várzea Grande. Foi quando deu-se o início à migração de várias famílias de Santo Antônio de Leverger e Nossa Senhora de Livramento, para este local.
A partir do início do Século XIX formaram os primeiros núcleos habitacionais. Mas foi somente após algumas décadas, com a Proclamação da República e a construção da Capela de Nossa Senhora da Guia, 1892, que Várzea Grande experimentou um crescimento bastante significativo que culminou com a sua elevação à categoria de Paróquia, através da Lei nº 145 de 06 de Abril de 1896.
Apesar da Paróquia já contar, no período seguinte com cartório, sub-delegacia, duas escolinhas, uma urna para eleitores, Várzea Grande se envolve na Revolução de Totó Paes contra as tropas de Generoso Ponce, 1899, caracterizando o momento com um clima de terror, crises políticas e incertezas, o que forçou muitas famílias a procurarem outras localidades para morar.
Em 1906, Várzea Grande começou a crescer rapidamente, surgindo povoados como de São Gonçalo, Bonsucesso e Capão Grande. Foi em 1911 que a Vila passou a ser 3º Distrito de Cuiabá. Porém, a partir der 1920 o novo distrito recebeu mais atenção por parte dos governantes, sobretudo na área de educação, Possuía até uma pequena Banda, uma boa Orquestra e um Teatro organizado pela professora Adalgisa de Barros.
EMANCIPAÇÃO LEVA A INDUSTRIALIZAÇÃO - A construção da ponte sobre o Rio Cuiabá em 1942 e a ligação da energia elétrica, 1945, constituíram alavancas para o desenvolvimento e o crescimento da cidade de Várzea Grande. Em 1948 os primeiros sinais da vila demonstravam anseios de uma grande cidade. Foi quando recebeu os Foros pela Lei nº 126 de 23 de setembro do mesmo ano e a nomeação do primeiro prefeito, Major da Polícia Militar Gonçalo Romão de Figueiredo. Várzea Grande aumentou o seu comércio com a capital, fornecendo-lhe: carne, galináceos, suínos, lenha, carvão, material de construção, chinelos e grande quantidade de cereais.
É instalada em 1949, a Câmara Municipal. Em 1957 é inaugurado o Ginásio Estadual e o primeiro Posto de Combustível, inicia também a construção da Cadeia Pública e já se falava em instalação de telefones. Nessa época, quando foi aprovado o Código de Tributos do Município, e o Poder Municipal doa as primeiras áreas de terra para instalações de micro indústrias e escritórios na nova cidade, visando incentivar pequenos empresários.
Aquele vilarejo de passagens de boiadas, do tempo da Barca Pêndulo, das famosas rendeiras e da simplicidade dos várzea-grandenses, foi aos poucos dando origem à outra Várzea Grande. Próspera e de caráter desenvolvimentista, tornou-se o segundo maior município do Estado e transformou-se na Cidade Industrial de Mato Grosso.
Várzea Grande sempre foi caminho e passagem. O destino mais uma vez lhe foi fiel, pois privilegiada pelo relevo e embalada pela vontade de decolar, a cidade ganhou em 1949 um moderno aeroporto localizado a 8 km da capital Cuiabá.
Os anos 50 esboçavam a futura capital da indústria. A arte de carnear, herança dos prisioneiros paraguaios, marcou cotidiano dos negócios. Para curtir o couro dos animais abatidos, Várzea Grande ganharia a sua primeira indústria do gênero. Outra herança foi moldada ao ritmo dos novos tempos.
O artesanato do início do século e a cerâmica virou grande atividade industrial e inúmeras empresas destinadas a este ramo se instalaram em todo município.
A vocação industrial ganha notável impulso com a chegada dos anos 70, tempo do Brasil gigante, da transamazônica e da rodovia Cuiabá - Santarém. Muitas doações de áreas, incentivos fiscais de toda a natureza e infraestrutura adequada, atraíram grandes grupos econômicos.
Deu-se o início à industrialização. A Alameda Júlio Muller, antigo caminho de pescadores, ganha ares de Distrito Industrial. Grandes empresas instalaram-se ali. Bem próximo começou a crescer o grande Cristo Rei, o maior bairro residencial deste município e celeiro de mão-de-obra local.
É uma realidade, o que para muitos no passado era apenas um sonho. Fiel a sua vocação de "cidade industrial" é ponta de lança na construção do Mato Grosso industrializado do terceiro milênio, transformador de matéria prima e gerador de riquezas.
Todos os caminhos passam pela várzea predestinada a ser grande. Pelas avenidas da FEB, Couto Magalhães, Mário Andreazza, Júlio Campos e Trevo do Lagarto passam produtos e pessoas, que levam e trazem riquezas.
Sua gente acolhedora recebe com amor, todos aqueles que a escolhe para morar. Aberto a todas as culturas, consegue se manter fiel ás suas riquezas culturais.
E no tear do tempo Várzea Grande vai sendo gerada por seu povo, sua gente e a vida que leva. Acolhe nos braços migrantes de toda parte, oferece oportunidades, vira gente grande, desenvolvida e progressista, gera riquezas sem abandonar suas raízes.
Na maioria das cidades do Brasil, a data mais importante do município é a emancipação política e administrativa, onde é comemorado com grandes festas, desfiles, inaugurações, etc. Em Várzea Grande sempre foi diferente. Comemora-se a fundação e não a data de sua independência de Cuiabá, deixando de ser o terceiro distrito.Conhecida como a "Universidade Política" do Estado, tem sofrido desde sua emancipação com disputas políticas entre grupos locais que tem emperrado o seu progresso e desenvolvimento.
Fica a pergunta. Será que temos o que comemorar?
*Wilson Pires é jornalista e servidor público
Nando Mendes 22/09/2013
Temos que comemorar a liberdade, livre da família CAMPOS.
Livre para sempre, pois qualquer cidadão consciente que ama VG, torceu para qualquer um ser prefeito, menos os CAMPOS, e graças a Deus eles não serão nem prefeito, nem governador, nem senador, nem nada.
Viva a liberdade.
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