por Paulo Zamar Taques*
Guardadas as devidas proporções do contexto histórico – leia-se ‘anos de chumbo’- quando ganhou as ruas a canção Pesadelo, de Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro, me chega à lembrança uma das frases mais belas e de conteúdo mais desafiador que ouvi durante a juventude: ‘quando o muro separa uma ponte une’. Conteúdo este, que de alguma forma ajudou a esculpir ao longo dos anos o perfil conciliador da interlocução que hoje também me fortalece junto aos desafios que encontro à frente da Casa Civil de Mato Grosso.
Ser a ponte institucional entre o executivo e os Poderes, as administrações municipais, as instituições, secretarias de Estado, autarquias e fundações, entre a nossa bancada federal, a sociedade civil organizada e, sobretudo, um elo com cidadão mato-grossense, é mais que um desafio, é uma determinação que quero seguir à risca.
É preciso que as pessoas acreditem que os tempos mudaram e pra melhor, que o processo democrático se fortaleceu e se tornou mais participativo, e que a viciosa política do “cumpadrismo”, a partir de agora, acabou em Mato Grosso. O Estado não será mais administrado com tapinhas nas costas e isso é condição sine qua non para toda a equipe do Governador Pedro Taques.
Nesse sentido, desde que aceitei assumir a Casa Civil há pouco mais de 30 dias, mantenho as portas do meu gabinete diariamente abertas aos que chegam de todas as regiões do Estado, com as mais variadas demandas. Porque além de correto, é assim que determinou o Governador. Recebi dias atrás em meu gabinete o prefeito de Marcelândia, Arnóbio Vieira de Andrade, acompanhado da deputada estadual Janaína Riva, ambos do PSD. O prefeito disse que não votou no governador e que estava sem jeito de pedir a manutenção de um convênio para construir salas de aula e levar a Unemat ao município e sem jeito também, porque quem descumpriu a palavra foi o ex-governador Silval Barbosa, mas que o assunto era de interesse da população e por isso estava ali. E nós atenderemos a demanda dele e da deputada.
Tenho dito aonde vou e aos que procuram a Casa Civil, que a eleição acabou há exatos quatro meses e que as siglas partidárias que naquele cenário eleitoral se encontravam em campos opositores, não serão nesta gestão impedimento em momento algum para que prefeitos ou deputados deixem de ser recebidos e suas demandas atendidas sempre com transparência e dentro da legalidade.
Nossa missão é aprimorar esse canal de comunicação, absolutamente ágil, limpo e transparente. É assim também que pretendo conduzir o diálogo com a Casa de Leis, Poder Judiciário, Ministério Público, Tribunal de Contas e a Defensoria Pública, porque entendo ser essa a melhor maneira de ir ‘ao’ e não ‘de’ encontro às situações que forem surgindo, assim, evitando conflitos e divergências que tanto teimam em rondar os corredores do poder. O diálogo será sempre o tom de todos os encaminhamentos e para todas as decisões.
A hora é de olhar pra frente e continuar a caminhada que, me lembro muito bem, não começou ontem, ao contrário, começou lá atrás. A administração do cabresto e do abuso de poder dos coronéis não são características do governo democrático, do nosso governo, e devem permanecer apenas como recorte da história que devemos lembrar sim, para que jamais sejam criadas novamente condições favoráveis ao seu ressurgimento. Não há dúvidas, as palavras até convencem, mas o que arrasta as pessoas é o exemplo.
*Paulo Zamar Taques é o secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso