por Wellington Fagundes *
A boa prática ensina que o planejamento é essencial para a eficiência na execução e a obtenção de resultados. No setor público, nem sempre essa prática é adotada.
Pelo menos é o que se supõe quando nos deparamos com obras inacabadas em todas as regiões do Brasil. Calcula-se que elas cheguem a 20 mil e que representem um prejuízo de R$ 1 trilhão para os cofres públicos.
Pior que o prejuízo em termos financeiros são os resultados para a população, que vai perdendo a esperança e a credibilidade na eficiência da gestão pública, comprometendo ainda a qualidade nos serviços prestados à população, o que contribui para aumentar o sofrimento de milhares de pessoas.
Um exemplo concreto disso está nas obras do novo Hospital Universitário Júlio Muller, em Cuiabá. A obra já está paralisada há três anos por problemas com a empreiteira.
Enquanto isso, R$ 80 milhões estão parados na conta do Governo do Estado. Pior que isso: as unidades de saúde continuam lotadas de pacientes à espera de um atendimento melhor.
O Conselho Regional de Engenharia (Crea) diz que o projeto do HUJM tem falhas muito graves, como o fato de não ter levado em consideração a necessidade de drenagem do terreno e a ausência de um plano de acesso viário ao novo hospital.
Somente essas duas obras (drenagem e acesso viário) representariam quase o mesmo custo que a construção do próprio hospital.
Se a licitação fosse feita hoje para a retomada das obras – no projeto original - o novo HUJM levaria cerca de 5 anos para entrar em funcionamento.
Atento a essa grave situação da Saúde no Mato Grosso, tenho defendido o remanejamento desses recursos para a conclusão imediata do novo Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá e, imediatamente, revisar o projeto do HUJM para fazer os ajustes técnicos necessários.
Com o remanejamento desses R$ 80 milhões, mais os recursos hoje disponíveis na Prefeitura de Cuiabá e no governo do Estado, o novo Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá passaria atender também como hospital-escola, numa gestão compartilhada entre a prefeitura e o governo federal.
Outra possibilidade seria tratar o hospital e o pronto socorro como unidades independentes: uma gerida pelo governo federal e a outra pela prefeitura.
Diferentemente do HUJM, o novo Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá está num local muito bem planejado em termos de acesso, e a região poderia abrigar, inclusive, a Cidade da Saúde, com uma ampla oferta de serviços em saúde para a população.
Além das obras paralisadas do HUJM, há ainda a reforma e ampliação do atual prédio do Hospital Universitário Júlio Muller, que funciona no bairro Alvorada numa estrutura antiga e precária, que necessita de melhorias. Isso sem contar o Centro de Nefrologia, cujas obras estão também abandonadas há anos.
O Hospital Central de Cuiabá, que não sai do papel há 30 anos, os problemas no atual Hospital e Pronto Socorro de Cuiabá, no Hospital Metropolitano de Várzea Grande e em tantas outras unidades de saúde espalhadas pelo Estado são exemplos da falta de um bom planejamento e a definição de prioridades que conduzam a resultados concretos para a sociedade.
É por isso que aprovamos, na Comissão Senado do Futuro, ainda em dezembro, solicitação de informações ao governo do Estado, e também aos ministérios da Saúde e da Educação, para que apresentem o planejamento na área da saúde do MT para os próximos anos.
Essas informações são fundamentais para que possamos – enquanto parlamentares – cobrar prioridades e apoiar levando mais recursos para o Mato Grosso.
Afinal, os pacientes não podem se sujeitar à falta de planejamento e de gestão responsável de qualquer governo na área da saúde, que julgo ser de prioridade máxima.
Wellington Fagundes é senador por Mato Grosso