Nesta terça-feira, a nação mais rica do mundo escolhe seu futuro presidente, numa disputa que terá custado cerca de US$ 3 bilhões, segundo estimativas oficiais. O espetáculo eleitoral americano celebra, como já definiu o escritor Greg Palast, "a melhor democracia que o dinheiro pode comprar".
Do lado de cá, tendemos a torcer por Barack Obama, porque é sempre mais "cool" apoiar democratas do que republicanos. Obama foi o primeiro presidente negro na história americana, representou a vitória do "yes, we can" ao som de Stevie Wonder em 2008, mas, no fundo, no fundo, o que mesmo ele fez de original na Casa Branca? Que iniciativa marcará sua presidência?
É muito difícil apontar qualquer coisa que o valha. Na economia, apenas empurrou a crise do sistema financeiro, alimentando novas bolhas de crédito, com uma taxa de juros negativa. O socorro aos bancos quebrados custará alguns trilhões e será pago pelas gerações futuras de norte-americanos. Obama fez tão pouco que conseguiu ser ofuscado por Lula -- "o cara", nas suas próprias palavras -- nas reuniões do G-20, grupo das vinte nações mais ricas do mundo.
Na política internacional, Obama bem que ensaiou traçar um caminho para a criação do Estado palestino, com base nas fronteiras de 1967, mas recuou diante das pressões naturais da sociedade americana. E, como um bom republicano na pele de democrata, acabou apoiando operações militares questionáveis, como a da Líbia, e financiando uma guerra civil na Síria, ainda em curso.
Sobre a América Latina, então, um imenso vazio. Obama fez uma visita protocolar ao Rio de Janeiro, onde parecia realmente desconhecer a realidade brasileira. Nos encontros com Lula e Dilma Rousseff, nenhuma empatia. E, sob sua gestão, os americanos não foram capazes nem de rever a absurda exigência de vistos de entrada para brasileiros -- algo cujo fim atenderia mais aos interesses da economia americana do que brasileira. Embora tenha sido pressionado pela indústria hoteleira e do turismo dos Estados Unidos a eliminar os vistos, Obama apenas prometeu melhorar o atendimento nos consulados, onde brasileiros ainda são tratados de forma indigna.
Qual será o resultado? Impossível prever. Experientes analistas apontam que esta eleição será tão acirrada quanto a de George W. Bush e Al Gore em 2000. E, para evitar erros como os daquela disputa, só apontarão um resultado quando um dos candidatos reconhecer oficialmente a derrota. Obama pode vencer, como pode perder, mas não fez nada para merecer mais quatro anos.
Matou Bin Laden? Então foi apenas mais um cowboy, como Bush, que já tinha capturado Saddam Hussein e, em vez de matá-lo, o submeteu a um julgamento, antes da forca.