Se melhorar, estraga. Esse é o ditado que reflete o momento atual do PMDB, partido que foi símbolo da luta pela redemocratização, elegeu quase todos os governadores na esteira do Plano Cruzado, mas que parecia fadado ao desaparecimento no fim melancólico do governo Sarney. Reflexo disso foram as candidaturas pífias de Ulysses Guimarães, que não chegou a 3% dos votos em 1989, e de Orestes Quércia, que, em 1994, terminou a disputa apenas em quarto lugar.
Desde então, o PMDB nunca mais se arriscou. Preferiu consolidar seu poder nos estados, sem se preocupar com a coerência programática ou ideológica entre seus vários coronéis regionais. No plano federal, serviu de esteio a todos os governos. Apoiou FHC em 1998 e errou na aposta em José Serra, em 2002, mas isso nunca foi, propriamente, um problema. Tão logo Lula foi empossado, o PMDB migrou para a base governista, passando a ocupar um papel central na aliança em 2010, quando emplacou Michel Temer na vice.
Hoje, com as vitórias de Renan Calheiros (PMDB/AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) o maior partido do País tem ainda o comando do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, cinco ministérios, cinco governos estaduais, incluindo o Rio de Janeiro, como vitrine, além de 1.020 prefeituras. Com tanto poder, tantas verbas e tantos orçamentos para administrar, o PMDB certamente não precisará se preocupar em 2014 com pequenas miudezas, como o Palácio do Planalto. Para quê, se o partido já tem tudo?
No entanto, é um erro imaginar que agora, fortalecido, o PMDB poderá se contentar com seu naco de poder, abrindo mão da vice e cedendo espaço para o PSB, de Eduardo Campos, na chapa de Dilma Rousseff. Os fortes, em geral, não cedem. Impõem suas vontades. E o PT talvez tenha turbinado demais um aliado de quem poderá vir a ser refém.