por Vinicius de Carvalho *
Começou a nova administração municipal liderada pelo prefeito Emanuel Pinheiro. Dentre os seus primeiros atos esteve a nomeação dos seus secretários. Pude analisar que oito secretarias das dezoito tiveram uma indicação partidária, exposta pelo próprio prefeito e sua equipe de comunicação por meio das mídias sociais durante a transição. O PMDB não teve nenhum parlamentar eleito, mas possui bancada estadual e federal. Isto foi muito destacado durante o período eleitoral e apareceu agora com a secretária de Assistência Social Singlair.
Já o Partido Progressista (PP) tem uma bancada de três vereadores e obteve a indicação de dois secretários municipais (Trabalho e Obras). O PRP, com seus dois, recebeu a secretaria de Cultura, Esportes e Turismo. Assim também aconteceu com o PSC, que teve dois candidatos eleitos e conseguiu indicar o Coronel Sales para a secretaria de Ordem Pública. O PT do B, que conta apenas com Juca do Guaraná endossou a indicação do secretário de planejamento Zito Adrien e o PTB a do secretário de gestão Rafael Cotrim. PTB não tem vereadores nesta legislatura, mas teve importante papel na eleição e é o partido do vice-prefeito. Para terminar chegamos ao PV dos quatro parlamentares, que manteve o secretário José Roberto Stopa da administração anterior na área de serviços urbanos. Com isto chegamos a 12 parlamentares, o que colocaria o Executivo em minoria no seu Legislativo. Porém, outros partidos da base governista que contam com apenas um representante como PROS e PR devem ser contemplados com cargos de 2º e 3º escalões.
Como diferenciar a montagem de uma equipe do puro fisiologismo? Observar se existe uma base programática comum e também a compatibilidade de cada secretário com a área de atuação. Em Cuiabá vemos que os indicados, na sua maioria, têm afinidade com as respectivas secretarias. Em relação ao conteúdo programático da aliança o Emanuel tem afirmado que buscará o alinhamento de seu secretariado com os principais compromissos assumidos junto ao eleitorado. É algo a conferir conforme a gestão for avançando, já que hoje é muito difícil cobrar identidade político-ideológica dos partidos com as respectivas políticas públicas, dada a salada vivida pelo Brasil neste campo.
Já com dez secretarias o prefeito priorizou o chamado critério da quota pessoal, nomeando pessoas sem indicação partidária direta. Neste gesto, a meu ver, Emanuel Pinheiro buscou demonstrar mais independência face aos partidos. Lembremos que ele foi muito acusado pelos adversários na campanha de ser manipulado na gestão por líderes políticos que estavam em sua coligação.
Outro aspecto que ficou bem evidente foram as relações pessoais do prefeito com alguns dos escolhidos. Isto é normal e positivo, já que time que se conhece joga melhor junto do que aquele que se forma durante a competição. Outro foi a experiência, essencial para o momento crítico que estamos vivendo. Não adianta montar um gabinete com pessoas que ostentam belos currículos em outras áreas profissionais, como empresas privadas, terceiro setor e no meio acadêmico.
Ressalto ainda a presença de vários servidores públicos efetivos dentre os escolhidos. Eles forneceram a alavanca inicial que viabilizou a candidatura de Emanuel Pinheiro, graças ao seu desempenho na discussão da RGA na Assembleia Legislativa. Por fim, existem alguns nomes novos como as secretárias de saúde e educação. A exigência de inteligência política ficou bem nítida também, já que mesmo os secretários da quota pessoal conhecem bem a dinâmica partidária e de eleições e cumprem este requisito sempre destacado pelo prefeito.
Vejamos como este arranjo vai funcionar. Afinal, como diria o saudoso jogador Didi: “Treino é treino. Jogo é jogo”.
Vinicius de Carvalho Araújo é professor universitário e analista político.
Rodrigo 05/01/2017
Adrien é filiado ao PMDB. Beto é PR.
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