por Joaquim Santana*
Os trabalhadores da construção civil nunca viveram momento como este. A perspectiva da Copa do Mundo, em 2014, colocou-os em evidência, levando de forma mais ampla à sociedade as dificuldades pelas quais passam e também as conquistas que acumulam em sua luta por um ambiente de trabalho mais fraterno e justo.
O crescimento do setor – um dos poucos que em Mato Grosso a apresentar frequentes resultados positivos de geração de emprego – também representou o amadurecimento da luta sindical que o envolve. O sindicalismo na construção civil cresceu e se renovou, tendo o Estado de Mato Grosso como um dos principais protagonistas deste momento.
Um exemplo disso é a atuação dos operários de MT na Campanha pelo Trabalho Decente na Copa do Mundo e Além, coordenada pela Federação Internacional de Trabalhadores da Construção e da Madeira (ICM), cujo objetivo é garantir condições humanas de trabalho aos operários da Copa. Em MT, mesmo diante do desinteresse da Secopa em discutir questões trabalhistas, os trabalhadores tiveram seu avanço ao garantir melhores condições salariais e de trabalho aos operários da Arena Pantanal, sem a necessidade de greves ou grandes conflitos que atrasariam ainda mais as obras.
Em 2013, a classe trabalhadora também ampliou a discussão sobre a segurança no trabalho, área em que MT figura entre os piores colocados, ocupando o topo da lista dos Estados com maior índice de acidentes, doenças e mortes. Somente este ano, o sindicato da categoria (SINTRAICCCM) realizou 210 reuniões de esclarecimento sobre legislação e fiscalização em canteiros de obra, sendo o único a integrar o Grupo Interinstitucional que discute o tema, coordenado pelo Ministério Público do Trabalho.
O SINTRAICCCM também está na diretoria da Federação dos Trabalhadores na Indústria, da Nova Central Sindical e da Confederação Nacional da Construção e do Mobiliário, além do Conselho Municipal do Trabalho, o que demonstra o crescimento da representatividade da categoria nos níveis local e nacional.
Quanto à pauta salarial, ainda há avanços a serem feitos na luta pelo piso único nacional. O empresariado ainda não repassou aos trabalhadores os ganhos obtidos com o ‘boom’ imobiliário patrocinado com o dinheiro dos impostos por meio de programas de expansão de infraestrutura do governo federal. Porém, a negociação trouxe avanços em outros itens das cláusulas sociais que representaram grandes benefícios aos trabalhadores.
Para o futuro, a principal pauta dos trabalhadores da construção civil será a cobrança sobre o governo federal, para que cumpra sua promessa de dar continuidade à expansão da infraestrutura nacional, garantindo os empregos gerados e o crescimento da renda.
*Joaquim Santana é presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM) e conselheiro da Confederação Nacional da Construção e do Mobiliário (Contricom).