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Opinião Segunda-feira, 17 de Junho de 2013, 09:10 - A | A

Segunda-feira, 17 de Junho de 2013, 09h:10 - A | A

Dilma é vaiada pelos Miamiplayboys de Brasília

Temos uma classe média que em pleno século XXI, diferentemente dos povos dos países considerados desenvolvidos.

por Davis Sena Filho

Os barões da imprensa de mercado sabem e os jornalistas que formulam as suas manchetes e opinam em seus espaços compreendem muito bem, apesar da proposital manipulação e dissimulação, o que aconteceu, de fato, no belíssimo e magnífico Estádio Nacional de Brasília, quando o presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi anunciado pelos alto-falantes para dar início à cerimônia de abertura dos jogos da Copa das Confederações e foi vaiado, por um público em festa, e, portanto, irreverente e açodadamente mal-educado.

Enquanto vaiado, Blatter reclamou e pediu "fair play" à torcida, que, evidentemente, não o atendeu, bem como não representa a maioria do povo brasileiro, até porque as quase 70 mil pessoas presentes ao estádio pagaram pelos ingressos, em média, R$ 280,00, sendo que os assentos mais caros foram vendidos por R$ 800,00. Preços, como se percebe, altamente “salgados”.

Além do mais, cerca de dez mil torcedores foram agraciados com entradas gratuitas concedidas pelos patrocinadores do evento esportivo, que adquiriram os ingressos junto à Fifa, o que significa que a maioria do público do jogo Brasil e Japão era composta por pessoas da classe média tradicional e da classe média alta, sendo que muitos deles convidados VIP e acostumados a viver nas altas rodas sociais.

O que se esperar de uma torcida com esse perfil, que admira o Brasil em jogos de futebol, veste a camisa amarela, canta o hino com a mão no peito, pinta o rosto com as cores amarela e verde ao tempo em que, no seu dia a dia, ou seja, na sua rotina detesta o Brasil, despreza o povo pobre, trata mal seus empregados e os cidadãos mais humildes, pois considerados por essa gente sub-raças, mestiços e que insistem em não ficar “no seu lugar”.

Quero dizer com isso, obviamente, que a torcida que esteve presente no espetacular Estádio Nacional de Brasília não reflete o povo brasileiro, que aprova o Governo Dilma Rousseff e que não participou do rega-bofe destinado, naquele momento, a uma torcida conservadora, reacionária, branca, e que, seguramente, foi contrária à Copa do Mundo no Brasil e à construção dos estádios.

A presidenta trabalhista Dilma Rousseff ou o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, deveriam ter combinado com o governador petista Agnelo Queiroz e seus secretários, com a participação dos promotores do evento de futebol, a viabilização de conceder ingressos ou vendê-los a preços populares à população mais pobre, porque o que percebi é que o público que se divertiu no Estádio Nacional de Brasília era majoritariamente branco, bem nutrido e disposto a vaiar os responsáveis por trazer eventos grandiosos, lucrativos, midiáticos e que, sem sombra de dúvida, colocam o Brasil em um patamar igual aos dos países considerados desenvolvidos.

Não se pode esperar nada de uma classe média branca, titular de bons empregos e salários e que tem em sua memória genética a escravidão e tudo o que é desumano que deriva dela. Esperar uma atitude assertiva e de compreensão das mudanças que estão a acontecer no Brasil nos últimos 11 anos, por parte de tal classe, é como acreditar que algum dia a imprensa corporativa e seus áulicos vão deixar o País crescer em paz. Um país que busca conquistar sua total independência, por intermédio de projetos e ações de um governo trabalhista que tirou o País da estagnação econômica, do desemprego e livrou o povo brasileiro de seu incômodo complexo de vira-lata. Uma verdadeira revolução silenciosa, a respeitar o estado democrático de direito.

Temos uma classe média que em pleno século XXI, diferentemente dos povos dos países considerados desenvolvidos, que ainda tem em suas casas empregadas domésticas tratadas como “animais” de estimação, como observei no Norte, no Nordeste e no Centro-Oeste, sendo que no Sul e no Sudeste o maltratar é disfarçado, porque a fiscalização do estado é presente, bem como os empregados têm mais consciência de seus direitos trabalhistas, talvez por morarem em regiões mais desenvolvidas.

A vaia foi dada por uma classe média reacionária, que habita os melhores lugares de Brasília, a exemplo do Plano Piloto. Lagos Sul e Norte, Águas Claras, Taguatinga e condomínios privados, que existem às centenas ou, quiçá, aos milhares. A classe média de Brasília, para quem não sabe, é uma das mais privilegiadas do Brasil, ocupa cargos bem remunerados na iniciativa privada e no setor público, por intermédio de concurso, além de ser titular de cargos de relevância, com salários altos, bem como tem o poder de deliberar, conforme o cargo que ocupa.

Eis que esta classe, consumidora de revistas como a Veja e a Época, de jornais como o Estadão, a Folha e O Globo e telespectadora de jornais televisivos, como os da Globo News, além de evidentemente do Jornal Nacional, resolve vaiar a mandatária que trabalhou pela realização da Copa e que, juntamente com o ex-presidente Lula, é responsável pelo Brasil ser respeitado no mundo como nunca foi, além de o País experimentar um ciclo econômico virtuoso, que está classe média despolitizada, rancorosa e preconceituosa nunca vivenciou em toda a sua existência.

Por seu turno, tal classe recalcitrante no que tange a ser negativa, sempre foi beneficiada pelos governos trabalhistas, no que concerne à sua vida melhorar, pois teve facilitado o seu acesso ao consumo, aos empréstimos bancários, à compra de carros, de casas e apartamentos, bem como passou a viajar mais e a comprar como nunca comprou produtos de informática, eletroeletrônicos, da linha branca, além de ter o acesso facilitado para comprar automóveis e viajar de avião e navio, a trabalho ou simplesmente a fazer turismo.

E sabe por que a classe média, inquestionavelmente, melhorou de vida? Porque o Brasil vive uma época de pleno emprego e as classes média tradicional e alta estão também empregadas, como nunca estiveram, porque no tempo do ex-presidente que vendeu o Brasil, Fernando Henrique Cardoso, o Neoliberal I, essa classe reacionária e que acha que o mundo se resume a Miami e Orlando, ficava à mercê da boa vontade do governo tucano, que no máximo lhe doava migalhas, no que diz respeito ao seu desenvolvimento social, à sua autoestima e até mesmo ao seu direito de estudar. Era uma dura lida, só para dar um único exemplo, conseguir uma bolsa para estudar no exterior.

No decorrer do Governo Lula e agora com o intermédio do Governo Dilma, a classe média e média alta passaram também a ter facilitado o acesso para entrar na faculdade, fazer cursos técnicos, cursos complementares e estudar no exterior, aos milhares de indivíduos. Se alguém duvidar, que tenha o trabalho de pesquisar nos portais do Ministério da Educação e das universidades públicas federais, e, consequentemente, levar um choque de realidade e de verdade sistematicamente sonegadas pela imprensa corporativa e alienígena, para talvez assim passar a questionar o que ouve, vê e lê, além de parar de acreditar piamente em tudo o que diz a imprensa colonizada e de negócios privados, inimiga do Brasil e golpista por tradição histórica.

A verdade é que vaia de playboy não vale. Conheço muito bem os miamiplayboys de Brasília, que nunca passaram trabalho na vida, bem como conheço os do Rio de Janeiro e de muitas outras capitais e estados brasileiros. Chega a ser ridículo ver aquelas pessoas brancas, bem alimentadas, donas de bons empregos, carros e moradias, com dinheiro no bolso a vaiar a presidenta trabalhista, porque tais “patricinhas” e “mauricinhos” têm em seus DNA o germe da escravidão, mesmo sem saber ou ter noção do que é o passado real deste País.

Por instinto e, evidentemente, por serem politicamente conservadores, vaiam tudo aquilo e todos aqueles que representem mudanças, mesmo se os novos tempos não os prejudiquem. A verdade é que existe uma grande parte da classe média que odeia ver e perceber a ascensão da classe pobre, no que tange a ter acesso ao consumo e às coisas boas da vida, como, por exemplo, ocupar as cadeiras dos restaurantes, os bancos das universidades públicas ou os saguões dos aeroportos à espera de viajar de avião.

Aliás, o fato de o pobre viajar de avião me leva a relembrar uma das socialites deste País — a senhora Danuza Leão. A “dama” e colunista demitida recentemente da Folha de S. Paulo retratou, indelevelmente e fidedignamente, o preconceito que viceja nas almas de alguns seres presunçosos e por isto ignorantes. Danuza disse certa vez que ir a Paris e a Nova Iorque não tinha mais graça, porque ela poderia encontrar o porteiro do seu prédio nas ruas das duas cidades. Não há nada mais brega e babaca do que as palavras de uma das representantes da nossa colonizada, subserviente e moralmente decadente “elite”. Ponto.

A verdade é que a vaia a Dilma não traduz, de forma alguma, uma possível insatisfação do povo com a mandatária, uma das responsáveis, volto a afirmar, pelo visível e concreto desenvolvimento do Brasil nos últimos 11 anos, queiram ou não queiram os pessimistas, os intolerantes, os fracassomaníacos e os mentirosos. O Brasil vai seguir o seu destino, que é tão grande quanto o seu tamanho geográfico, pois País influente no mundo, de economia e moeda fortes e que tem um povo trabalhador, que é a melhor coisa do Brasil, porque é um luxo, enquanto a “elite” é retrógada, reacionária, subserviente aos desmandos do establishment, além de traidora, entreguista, colonizada, e, por fim, gigolô do povo brasileiro.

Os estádios espetaculares brasileiros, para o desgosto dos que detestam o Brasil, têm de ter ingressos populares, com preços baixos. O futebol sempre foi popular e os estádios sempre foram ocupados pelo povo. Nessas rodadas já iniciadas, ver cidadãos negros nos estádios é como procurar agulha no palheiro. Os governos e as prefeituras têm a obrigação de observar com responsabilidade essa importante questão social. Já assisti a três jogos pela televisão e verifiquei, quando as câmeras mostram as arquibancadas, que a presença de negros é um número irrelevante.

 

 

Além disso, muitos podem pensar: “Nem todos da classe média vão a Miami ou são colonizados ou detestam o Brasil”. Contradigo: É verdade. Porém, grande parte das diferentes classes médias pensa e age de forma arrogante, mesmo a parte que não tem tanto dinheiro, mas que é igualmente portadora dos princípios e dos valores dos ricos que detestam o Brasil. Ser e proceder dessa maneira é também uma questão ideológica, porque as ideologias ainda existem, e, por conseguinte, diferentemente do que apregoam os direitistas e os fundamentalistas do mercado, a fim de se darem bem, não acabaram. O Brasil se tornou, definitivamente, um dos países protagonistas de grandes eventos mundiais.

 

Alô! Alô!, lorpas e pascácios: vaias de miamiplayboys não vale! Torcer pela Seleção agora e a vida inteira contra o desenvolvimento do País e a emancipação do povo brasileiro também não vale. Nacionalismo mequetrefe e alienado não dá para aturar. E viva o Brasil! É isso aí.

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