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Opinião Terça-feira, 02 de Outubro de 2012, 08:42 - A | A

Terça-feira, 02 de Outubro de 2012, 08h:42 - A | A

De graça nem injeção na testa

Diz-se que quem paga é sempre quem senta na ponta da mesa, não é? Pois na ponta estamos nós. A propaganda eleitoral custa aos nossos bolsos

Leandro Lopes

 

Está no ar, de segunda a sábado e em três horários (dois na TV e um no rádio), a propaganda eleitoral gratuita. Lá estão eles, amigos desse ou companheiros daquele, prometendo até a mãe por um cargo público.

O que eles não dizem nessa meia hora, nem em hora alguma, é que existem licitações em caráter especial por chegar, que a corrupção continua acentuada, que alianças políticas macabras fazem parte do jogo sujo, que mensalão e mensalinho são normais hoje em dia, e por aí vai, porque isso não está no repertório de quem treina o discurso pronto.

De dois em dois anos a gente escuta falar nessa tal propaganda eleitoral gratuita, e é aí que eu sempre encontrei uma intransigência. Se for propaganda, não é de graça. Diz aí, companheiro, "Who pays the bill?" Diz-se que quem paga é sempre quem senta na ponta da mesa, não é? E na ponta estamos nós, amigos (e) leitores. Esses 30 minutos no rádio e uma hora na TV custam aos nossos bolsos.

Em troca desses preciosos momentos – como aquele em que percebo que o "Tchu tcha tcha" é slogan de campanha – os meios de comunicação conseguem isenção de determinados impostos. Segundo consta deixa-se de arrecadar algo em torno de R$ 606 milhões de reais.

"... isso não tá no repertório de quem treina o discurso pronto...".

A coisa funciona mais ou menos como no Programa Universidade para Todos (Prouni). No programa, a universidade particular conveniada oferece bolsas de estudo ao aluno, e no fim do ano, na hora de declarar o imposto de renda de pessoa jurídica, por exemplo, desconta do valor que deixou de faturar. CSLL, PIS e COFINS também podem ser descontados. Estima-se que com a isenção do Prouni o governo deixa de arrecadar, por ano, R$ 740 milhões.

Noves fora é como se gastássemos 81% das bolsas universitárias com a propaganda eleitoral gratuita. Já deu pra entender? Você tá pagando pra tias do doce, cabras machos, palhaços, mulheres fruta e outras coisas do tipo, falaram baboseira em horário nobre.

A conta não bate, não é possível. As emissoras de TV e rádio só cobram caro pela propaganda porque a audiência é boa, é alta. No caso da propaganda eleitoral 'gratuita', com a audiência lá embaixo, eles é que deviam nos pagar, ou alguém tá prestando atenção ao que eles dizem?

"Você tá pagando pra falarem baboseira em horário nobre...".

A bem da verdade eu sou um incoerente. Falo mal, mas adoro a política. O problema é que isso que eles fazem na TV e no rádio não é política, é circo. Talvez faça parte do tal do pão e circo que alguns deles tanto falam, mas política não é.

Eu não sei mais pra quem recorrer, então vou apelar pro povo: acorda, povo! Levanta-te e anda!

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