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Opinião Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2013, 08:38 - A | A

Segunda-feira, 11 de Fevereiro de 2013, 08h:38 - A | A

Com o PMDB não se brinca

O movimento de Henrique Alves em relação ao STF pode ser uma só de várias traições que vêm pela frente

Leonardo Attuch

 

Um dos quadros mais sensatos da política brasileira, o governador de Sergipe, Marcelo Déda, foi uma das poucas vozes, no PT, a explicitar seu desconforto com as vitórias de Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) nas eleições recentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Segundo Déda, seria melhor para o País, e para o próprio Congresso, que houvesse maior pluralidade nas duas casas legislativas. Hoje, um único partido conduz a agenda parlamentar.

Nos seus primeiros movimentos, tanto Renan quanto Henrique surpreenderam. O senador alagoano, alvo de uma intensa campanha acusatória nitidamente dirigida, uma vez que colocada às vésperas da disputa, fez uma defesa enfática da imprensa livre. Henrique Alves, que, como candidato, defendia a prerrogativa da Câmara na polêmica questão de cassar ou não parlamentares, adotou um novo discurso como presidente eleito da Casa e disse que é nula a possibilidade de confronto institucional com o Supremo Tribunal Federal.

De repente, como num passe de mágica, Renan e Henrique, que vinham apanhando todos os dias, podem vir a ter todos os seus pecados esquecidos. Podem até ser transformados em heróis se forem capazes de afastar o PMDB da aliança petista e aproximarem o maior partido do País de outros possíveis projetos de poder, como o de Eduardo Campos, do PSB, e também o de Aécio Neves, do PSDB.

Na definição de Marcelo Déda, o PMDB é o “centro móvel” da política brasileira. Portanto, se “la donna è mobile”, não há nenhuma dificuldade para que isso ocorra. Renan já é, por natureza, independente. Estará sempre pronto a apoiar qualquer projeto. Mas, se perguntarem a Henrique Alves por quem realmente bate seu coração, não é por Dilma Rousseff, e sim por Aécio Neves, de quem é amigo pessoal, assim como seu pai, Aluizio Alves, foi um dos melhores companheiros do velho Tancredo.

Portanto, a aparente mudança de lado do presidente da Câmara no caso que envolve os mandatos de José Genoino (PT-SP) e João Paulo Cunha (PT-SP) talvez seja apenas a primeira de uma série de várias traições. E o PT, que tanto comemorou as eleições dos dois peemedebistas, corre o risco de passar o Carnaval de ressaca. Sem perspectiva de melhora na Quarta-Feira de Cinzas. Com o PMDB, não se brinca.

 

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