por Zelandes Santiago dos Santos*
Em meados dos anos oitenta após sermos derrotados (o povo brasileiro) pelo congresso nacional na votação da emenda constitucional das “Diretas Já”, engajei na militância político-partidária na primeira eleição nas capitais, depois de mais de vinte anos do regime militar; naquele momento se dava a transição para a democracia. Em seguida entro na luta dos movimentos de fundação da associação de classe da categoria a que pertencia, como funcionário de uma das grandes empresas estatais de comunicação da época.
Na continuidade da luta pelos direitos fundamentais coletivos e individuais, lá estávamos nós, para ajudar a inserir na nova Constituição que estava em debate no congresso nacional constituinte, que foi promulgada em outubro de 1988, chamada de constituinte cidadã. Aí nasce vários direitos de proteção e garantias ao cidadão, inclusive o direito de sindicalização para os servidores públicos. As nossas lutas e tarefas se multiplicaram, além de organizar os sindicatos, também participamos da construção na luta contra os vários planos econômicos que lesavam os trabalhadores, que resultaram em pelo menos três greves gerais que pararam o país.
Ainda na década de 80, momento marcante na vida dos brasileiros, foram as eleições de prefeitos e vereadores de 1988, na qual fui candidato; claro, derrotado, mas marcamos presença com muita firmeza na defesa dos direitos da maioria dos trabalhadores. Além do engajamento na primeira eleição de Presidente da República em 1989, pós-ditadura, onde o Partido dos Trabalhadores foi protagonista e que também foi sucumbido pelas forças contrárias e dominantes daquele momento. E daí para frente se sucederam muitas lutas e a militância nos movimentos sindicais, comunitários e sociais; na fundação da CUT/MT e Federações de classes a nível nacional. Em 2006 coordenamos a campana presidencial aqui em Mato Grosso do então Presidente da Republica, Luiz Inácio LULA da Silva a reeleição que foi vitoriosa. Sempre atuamos na e organização de massa dos trabalhadores e na construção de um partido de luta que agregasse e defendesse os direitos do povo.
Mas hoje, já não é mais o mesmo partido que lutei e ajudei a construir, organizar e chegar ao poder central desse pais; as lutas e organizações de classe já não pertencem ao seu projeto partidário ou não é mais sua prioridade de discussão em suas reuniões, plenárias, encontros e congressos. A pauta agora é outra, instituições governamentais e quem as ocuparam, qual tendência será contemplada. As prioridades e o manifesto de fundação deixaram de ser a ordem do dia, a primazia da discussão é como se defender das acusações e ataques que seus membros ocupantes de cargos estão sendo acusados, e em sua grande maioria sem ter como se defender das evidências que todos os dias aparecem e circulam na mídia.
Deixo o Partido dos Trabalhadores – PT, depois de mais de trinta anos de militância, levo comigo um grande aprendizado da construção e organização político-partidária, deixo grandes e valorosos amigos e companheiros; mas com a certeza de que enquanto lá estava cumpri com o meu dever de ser político e militante nas demandas partidárias, que não foram poucas nesses trinta anos de andança pelo estado e em alguns momentos pelo país. Desejo aos que ficam serenidade e sabedoria nas suas decisões, reflexões e resgate aos princípios da ética e dos valores da preservação da vida em toda sua dimensão.
Adeus companheirada! Talvez em um outro momento nos encontremos em outras lutas.
Diante do exposto venho democraticamente pedir a minha desfiliação do Partido dos Trabalhadores – PT no qual estou filiado no município de Várzea Grande MT onde estou filiado e militando a mais de trinta anos. É o que peço.
Saudações Democráticas!
*Zelandes Santiago dos Santos - Sociólogo, especialista em Gestão em Saúde UAB/UFMT e
mestrando em Educação Holística
girlene aparecida ramos 25/05/2015
Acho uma grande perca. Sempre admirei suas posições, mas não concordo com elas expostas nesta carta. Este não é o Zelandes do PT. Se o partido mudou e não é do agrado, sair é desistir de lutar. Desistir não é o melhor caminho, as inquietude que nos move e alimenta na construção de um caminho correto em favor do povo e de um novo Brasil. Acho lamentável.
ZIRALDO 25/05/2015
Foi apoiar Lucimar no PRB ?
2 comentários