Oportuna e necessária, é mais que bem-vinda a negociação que os atletas do Bom Senso FC iniciaram com a CBF para melhorar o calendário do futebol brasileiro. Trata-se de um problema no qual o governo não pode interferir diretamente, mas o Ministério do Esporte apoia uma revisão da maratona de jogos que os principais clubes fazem ao longo do ano, na qual os pequenos, que são a maioria, podem ser classificados como sem-calendário.
Grandes times disputam até três torneios ao mesmo tempo, como está ocorrendo agora, com participações no Campeonato Brasileiro, nas Copas do Brasil e Sul-Americana. Os jogadores são sacrificados com uma sequência de lesões que os prejudica não só como seres humanos, submetidos a jornadas exaustivas, como também afetam o desempenho profissional. Em média os grandes disputam ao ano 20 partidas a mais que seus similares da Europa.
Falta tempo para as férias e para a pré-temporada que recompõe o condicionamento físico dos atletas. Às vezes há tantos jogadores no departamento médico quanto no campo. Outro efeito nocivo do calendário asfixiante é a impossibilidade de os times excursionarem ao exterior, uma tradição que praticamente acabou, em prejuízo não só das finanças dos clubes como da projeção do futebol brasileiro no cenário internacional.
O aperfeiçoamento do calendário há de beneficiar não apenas a série A do Brasileirão. As demais, assim como os campeonatos estaduais, também irrigam a grandeza do futebol brasileiro e devem ser consideradas.
Portanto, a agenda da Copa do Brasil tem de ser valorizada por sua especial característica de torneio da integração nacional, em que um pequeno clube festeja eliminar um gigante, como já aconteceu na disputa entre Asa de Arapiraca e Palmeiras. O episódio ficou inscrito na história da agremiação alagoana.
Convém insistir nesse ponto: os clubes pequenos precisam ser contemplados nas negociações de um novo calendário.