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Opinião Terça-feira, 28 de Abril de 2015, 09:30 - A | A

Terça-feira, 28 de Abril de 2015, 09h:30 - A | A

Opinião

Benedito Gomes: Primeiro presidente da Câmara VG

Benedito Gomes da Silva nasceu em Várzea Grande, no dia 19 de agosto de 1920. Filho de Manoel Gomes e Ana Lopes Gomes, ele teve 12 irmãos e sempre morou no bairro da Manga, onde reside sua família até hoje.

por Wilson Pires*

Empresário bem sucedido, pai de família exemplar e líder político respeitado por aliados e adversários, seu Benedito Gomes da Silva, foi um homem realizado.

“Graças a Deus, consegui criar os meus filhos e manter a família unida como sempre sonhei”, observava ele. Casou-se aos 23 anos com dona Maria Helena Gomes, seu Benedito possuía duas paixões: a família e o bate-papo com os velhos e novos amigos. Ele lembrava com saudades do tempo em que existiam a sinceridade na política e a fidelidade partidária, especialmente na época em que a União Democrática Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD) bipolarizavam as disputas eleitorais,

Benedito Gomes da Silva nasceu em Várzea Grande, no dia 19 de agosto de 1920. Filho de Manoel Gomes e Ana Lopes Gomes, ele teve 12 irmãos e sempre morou no bairro da Manga, onde reside sua família até hoje. Desde a infância, auxiliava o pai em um pequeno comércio varejista de alimentos e produtos rurais. “Naquele tempo não existia inflação e tudo era barato”, o recordava.

O casal teve seis filhos, três homens e três mulheres: Antonio de Arruda Gomes (Toto), Berenice de Arruda Gomes, Carlos Gomes de Arruda, Douglas Gomes, Eva Gomes e Benedita Maria Gomes. “Nossa família é unida e sabemos dar valor a isso”, observou.

Primeiro Presidente - Sempre atento aos fatos que aconteciam em Várzea Grande, Mato Grosso e no Brasil, seu Benedito Gomes ingressou na vida pública ainda muito jovem. Na Manga, participava das ações comunitárias dos poucos moradores que existiam no bairro, no início da década de 40. Já em 1945, participou efetivamente de uma eleição como cabo-eleitoral. Trabalhou para o marechal Eurico Gaspar Dutra, que disputou e venceu a presidência da República, e também para o doutor Arnaldo Estevão de Figueiredo, que foi eleito governador de Mato Grosso.

“Todos achavam que o Dutra ia perder, porque era de Mato Grosso: só que ele morou aqui pouco tempo”, lembrava Dito Gomes. A informação de que Dutra havia sido eleito presidente da República chegou a Várzea Grande quase dez dias após a conclusão do escrutínio dos votos. “É que a comunicação era muito difícil; precária mesmo”, justifica.

Quando Várzea Grande conquistou a sua emancipação político-administrativa, em 1949, seu Benedito Gomes atendeu à solicitação dos amigos para que se candidatasse à Câmara dos Vereadores, pela UDN. Ele aceitou o desafio. Foi terceiro vereador mais votado na eleição, conquistando 128 votos. A UDN elegeu quatro vereadores e o PSD apenas um Júlio Domingos de Campos, seu Fiote, porque na primeira legislatura a Câmara de Várzea Grande tinha apenas cinco parlamentares.

Apoiado pelos vereadores da UDN, seu Benedito Gomes foi eleito presidente do Poder Legislativo de Várzea Grande, em 18 de julho de 1949. Foi o primeiro presidente da Câmara Municipal.

Prefeito por 8 Dias - Como maior orgulho da época em que foi presidente da Câmara, seu Benedito Gomes guardava em sua memoria o período em que assumiu a Prefeitura de Várzea Grande, por oito dias. Ele recordava que foi uma contingência administrativa, porque o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidiu recontar os votos dos candidatos à Prefeitura Municipal.

Na primeira contagem de votos, o então candidatado do PSD, doutor Miguel Leite da Costa, havia recebido 608 sufrágios e proclamado eleito prefeito de Várzea Grande. Já o candidato da UDN, Gonçalo Botelho de Campos, teve 586 votos, porque uma urna do Distrito de Souza Lima havia sido impugnada pelo PSD. Dois meses após a posse de Miguel Leite da Costa, o TRE recontou os votos, validando a seção eleitoral de Souza Lima e Gonçalo Botelho de Campos venceu por uma vantagem de 11 votos. O PSD pediu recontagem e o TRE aceitou: novamente Gonçalo Botelho de Campos venceu por 11 votos.

Na transição de um prefeito para outro, Benedito Gomes governou o Município, porque era o presidente da Câmara. Ele recordava que naquele tempo a rivalidade política entre PSD e UDN era tão acirrada em que o prefeito derrotado Miguel Leite retirou a sede da Prefeitura Municipal e transferiu-a da Avenida Couto Magalhães para os fundos do Embauval, cerca de 200 metros atrás da Praça Aquidaban. “Naquela época, o Embauval era só mato e o prefeito Gonçalo Botelho tomou posse numa casinha que existia no meio do matagal, onde conseguimos instalar a Prefeitura de Várzea Grande”, recordava Dito Gomes.

Último Pleito - Todavia, a eleição que mais marcou seu Benedito Gomes da Silva foi à disputa pela Prefeitura Municipal, em 1950. O então prefeito Gonçalo Botelho decidiu se candidatar a deputado estadual e deixou a chefia do Poder Executivo de Várzea Grande. Os correlegionários da UDN decidiram lançar o seu Benedito como candidato a prefeito; pelo PSD, o candidato foi sei Fiote. “Eu sacrifiquei tudo nessa eleição”, observava ele, lembrando que não recebeu o apoio que esperava do então governador Fernando Corrêa da Costa.

Seu Benedito Gomes lembra que disputou o pleito palmo-a-palmo com Júlio Domingos de Campos. Ambos eram vereadores, mas tinham um eleitorado distinto. Ao final, perdeu a eleição para o seu Fiote por 116 votos de diferença. Seu Benedito Gomes acha que foi derrotado porque não tinha estrutura financeira para percorrer os distritos, onde seu Fiote recebeu as mais expressivas votações. “A gente percorria a casa dos amigos mais próximos a cavalo ou de charrete, mas não tínhamos dinheiro”, argumenta ele. Depois, seu Benedito cumpriu o seu mandato de vereador até 1953 e não se candidatou mais.

Relacionamento - Em 1952, seu Benedito ainda era vereador, mas assumiu a Exatoria de Várzea Grande, mas continuou acompanhando de perto o cotidiano político. Depois, ainda participou de algumas campanhas como cabo eleitoral. A que ele recordava com maior orgulho foi de 66, quando auxiliou o seu compadre Rachid Saldanha Derzi a conquistar uma cadeira no Senado da República. O s candidatos da região Sul (hoje Mato Grosso do Sul) enfrentavam muita resistência e raramente tinham boa votação na Grande Cuiabá e no norte do Estado.

Mas o trabalho de seu Benedito fez com que Saldanha Derzi fosse o candidato a senador mais votado em Várzea Grande, em 66.

Origem da Manga - Benedito Gomes e seu pai Manoel Gomes são fundadores do bairro da Manga, um dos mais tradicionais da Cidade Industrial. Seu Manoel Gomes foi quem se incumbiu de registrar o nome de Manga para o bairro, no final da década de 40.

A origem do nome se deve à existência de um mangueirão para a travessia do gado, que começava na Manga e saía na Chácara do então fazendeiro Fenellon Muller, no atual bairro Ponte Nova. Por ali, o gado atravessava de Várzea Grande para Cuiabá, porque naquela época não existiam balsas e nem pontes. Para facilitar o trabalho dos boiadeiros, foi construído um mangueirão da Manga até a Ponte Nova, já que as famílias Gomes e Muller haviam autorizado a passagem do gado por suas terras.

Por isso, a população várzea-grandense se acostumou a chamar o local da região da Manga e, depois, bairro da Manga.

Pracinha - Seu Benedito Gomes serviu o Exército Brasileiro em 1941, no 16º Batalhão de Caçadores (BC), hoje 44º Batalhão de Infantaria Motorizada, em Cuiabá. Depois, deu baixa, mas foi avisado de que deveria ficar pronto para retornar ao Exército, porque na Europa a II Guerra Mundial estava a todo vapor.

Em 1944, foi convocado como pracinha do Exército. Como era reservista, o treinamento que recebeu foi mais longo, e a primeira turma de Cuiabá seguiu para o Rio de Janeiro semanas antes. Ficou de prontidão, na Urca. Mas não foi preciso ir para a Europa, porque os Aliados já haviam conseguido vencer os nazistas. “Fiquei no Rio, fui promovido a cabo e depois voltei para Cuiabá, porque cabos estavam sobrando”, concluiu seu Benedito Gomes, bem humorado.

*Wilson Pires de Andrade é jornalista em Mato Grosso

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Wander Gomes 12/08/2015

Me sinto honrado por fazer parte de uma família tradicional e uma das primeiras a habitar nossa querida Várzea Grande. Família Gomes.

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Odenil Seba 30/04/2015

Parabéns, Wilson Pires! Sempre trazendo À lume pessoas e episódios interessantes para a história da nossa cidade. Gostei

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2 comentários

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