por Edina Araújo*

Não dá para tolerar tanta hipocrisia por parte da maioria dos vereadores de Várzea Grande e ficar calada.

Durante dois anos e meio em que o prefeito cassado esteve à frente da Prefeitura, a sociedade várzea-grandense presenciou os desmandos e falcatruas praticadas por Walace Guimarães e sua equipe, e sequer, ouviu um dos 19 vereadores que faziam parte da base aliada do peemedebista na Câmara, levantar a voz em defesa da sociedade. Pelo contrário, em troca das benesses que Walace ofertava a custa do erário, os 19 parlamentares foram coniventes com toda situação que o munícipe vive hoje. Pois o papel do vereador é fiscalizar os atos do prefeito com relação à administração e gastos do orçamento. Os vereadores tem o dever de trabalhar para que a população tenha melhor qualidade de vida, elaborando leis, atendendo às reivindicações, desempenhando a função de mediador entre os munícipes e o prefeito. E não trabalhar em benefício próprio.

Contudo, estranhamente, estes mesmos parlamentares que em dois anos e meio não ergueram a voz em favor da sociedade, despertaram da letargia em que estavam e descobriram que Várzea Grande tem uma Lei Orgânica e um Regimento Interno, duas descobertas fantástica. A Lei Orgânica e o Regimento Interno estão sendo usados por eles como um “chicote” para punir a prefeita Lucimar Campos e seu vice-prefeito Arilson Arruda. Claro, Lucimar e Arilson merecem a punição. Como é que a Justiça entrega o mandato aos dois e em detrimento da Câmara? E ainda faz diminuir os rendimentos dos vereadores? Falta grave dona Lucimar e doutor Arilson. Por isso, a sentença será a aplicação das duas Leis com maior rigor. Para os amigos tudo, aos inimigos, o rigor da Lei. Vejamos:

Quando foi que os nobres vereadores discutiram na Câmara, por exemplo, a grande mágica da loja de sapato da avenida Júlio Campos, que transformou da noite para o dia em Construtora Carneiro & Carvalho e venceu uma licitação na gestão de Walace no valor de mais de R$ 10 milhões, sem condições técnicas nenhuma. Fato denunciado pelo site VG Notícias e um dos motivos da Operação Camaleão deflagrada pelo Gaeco, em Várzea Grande. Ainda em andamento.

Quando foi que os nobres edis também discutiram na Casa de Leis, os contratos milionários à empresa Penta? Será que o assunto era tabu, por conta das locações de ônibus, máquinas e caminhões de vereadores à empresa como forma de “melhorar seus rendimentos” e também um acordo de “cavalheiro” para não questionar os desmandos do Executivo Municipal?

Walace Guimarães tentou licitar novos táxis em Várzea Grande, porém, direcionados a assessores de vereadores, servidor público etc..., enfim, uma verdadeira farra, denunciada ao Ministério Público que ingressou com ação e foi barrada pela Justiça. Onde estavam estes vereadores que não discutiram o assunto na Casa de Leis?

Onde estavam os nobres parlamentares várzea-grandenses que não denunciaram o acúmulo de cargos da ex-primeira-dama do município, Jaqueline Guimarães, que trabalhava no Detran no mesmo horário que deveria estar atendendo na Secretaria de Saúde? Os nobres vereadores também não cobraram na gestão de Walace a farra de carros oficiais em benefício próprio. Denunciado pelo site VG Notícias ao Ministério Público, motivo de ação de improbidade contra Walace. Ou será que este assunto não era competência dos vereadores?

Em março deste ano, Walace Guimarães contratou por meio de dispensa de licitação, a empresa Ribeiro Serviços e Locações Ltda – ME, para locar 45 veículos leves, caminhonetes e motocicletas, para o município, ao custo de R$ 922.680,00, por 180 dias. Fato denunciado pelo VG Notícias. E o Ministério Público de Contas (MPC), constatou e denunciou que a empresa Ribeiro Serviços e Locações Ltda – ME, possuía apenas um veículo em sua frota, um Fiat Uno Way 1.0. O MPC informou que os dados constavam no levantamento patrimonial da empresa feita no Sistema de Informação da Secretaria de Estado de Fazenda do Estado (Sefaz). E onde será que estavam os vereadores que não fiscalizaram o contrato e sequer discutiram o assunto na Casa de Leis? E por último, os pagamentos feitos por Walace Guimarães e sua equipe “na calada da noite” sem explicação, também não mereceu discussão por parte dos nobres parlamentares várzea-grandenses. Porque será?

São tantos os questionamentos, que certamente ficaria dias enumerando, pois foram dois anos e seis meses de total letargia da maioria de nossos representantes na Câmara. A pergunta é porque tanto rigor com a gestão da prefeita Lucimar Campos e de seu vice-prefeito Arilson Arruda em apenas e tão somente 40 dias?

A oposição é salutar, importante e indispensável, mas precisa ter coerência, responsabilidade e, principalmente, fundamentos. Governo sem oposição é democracia de “fachada”. O contraponto deve ser feito pela oposição. O equilíbrio de uma gestão é mensurado pelo comportamento e qualidade da oposição, não por uma oposição do "quanto pior melhor", mas, por uma oposição proativa, responsável e voltada para a defesa dos interesses da sociedade. Por melhor e bem intencionado que seja o governante, sempre haverá o risco do excesso, e que, muitas vezes, pode ocorrer até mesmo na busca do acerto.

É preciso esclarecer aos internautas do VG Notícias, que a jornalista Edina Araújo não está em defesa da prefeita Lucimar Campos ou Arilson Arruda, mas em favor de Várzea Grande e contra a hipocrisia.

Será que este não é o momento dos nobres vereadores unirem forças para transformar Várzea Grande, cidade sofrida e acabada, da qual foram coniventes, em um lugar melhor para vivermos, com mais saúde, mais dignidade e menos violência? Fica aqui este artigo para reflexão de toda sociedade e, principalmente, dos nobres vereadores de Várzea Grande.

*Edina Araújo é jornalista e diretora do site VG Notícias