Aécio Neves se move, cada vez mais, como presidenciável. Em seu artigo publicado nesta segunda-feira na Folha de S. Paulo, ele critica a má preparação do governo para a Copa de 2014 e diz temer que o Brasil dê vexame. Leia:
Gestão: Aécio Neves
É inacreditável o 3º Balanço das Ações do Governo Brasileiro para a Copa, divulgado dias atrás. Os projetos concluídos até agora equivalem a apenas 1% dos investimentos programados. Nada menos que 41% das obras nem sequer começaram e 5%, apenas, foram concluídas. Comprova-se uma vez mais o alto custo que o país vem pagando por uma gestão pública de baixa qualidade.
Já que o problema do governo federal não é a ausência de recursos, haja visto os números excepcionais da arrecadação, é lamentável constatar que, na verdade, não consegue utilizá-los com eficiência.
E não consegue por razões diversas, que vão desde o aparelhamento político de funções estratégicas até a falta de planejamento e definições equivocadas de prioridades, como o trem-bala que o governo insiste em manter na agenda de possibilidades enquanto estradas e ferrovias permanecem em estado de calamidade.
Felizmente essa não é a única realidade do país. Recentemente, uma pesquisa mostrou que a modernização dos processos de gestão está encontrando terreno fértil na administração pública. Começa a haver mais espaço para metodologias e práticas inovadoras no campo do gerenciamento nos governos estaduais, nas prefeituras e até mesmo na esfera federal.
O estudo foi feito pela Macroplan com participantes de um congresso de gestão pública, especialistas no tema, portanto. Entre os entrevistados, 57% consideram que os líderes de suas instituições possuem elevada motivação para a profissionalização da gestão.
É, sem dúvida, uma boa notícia. Entre os Estados que mais avançaram em gestão pública, na opinião dos entrevistados, estão Minas Gerais (indicado por 71,4%), São Paulo (61%) e Paraná (33,8%). Na lista de desafios, a pesquisa aponta a capacidade de planejamento de longo prazo (44,2%) e a estruturação e execução de projetos (36,4%).
Uma parcela bem significativa (27%) defendeu a implantação da gestão do conhecimento. De fato, essa seria uma excelente conquista para o serviço público, que costuma jogar fora a experiência acumulada por equipes inteiras, quando ocorre uma troca de ministro ou de titular de órgão público. Conhecimento é patrimônio dos brasileiros e não dos governos. E o tempo é ativo importante para quem tem a responsabilidade de gerar resultados para a população. Não podemos ser reféns de eternos recomeços.
A falta de uma gestão eficiente custa caro ao país. Abre caminho para o improviso, o desperdício e a corrupção. Faz o Brasil perder tempo, recursos e oportunidades.
No caso da Copa, diante dos números divulgados, todos nós, que torcemos muito pelo sucesso do evento, começamos a torcer também para que o país não dê vexame na organização do Mundial.