O Senado do Uruguai aprovou nesta terça-feira (02) uma lei que legaliza o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Dos parlamentares presentes na Câmara, 23 votaram a favor e 8 contra. A proposta começou a ser debatida às 9h30 da manhã de hoje, após uma Semana Santa em que a Igreja Católica se manifestou contra o projeto e pediu a seus legisladores que votassem com “consciência”.
A Frente Ampla (FA) votou a favor, enquanto o Partido Nacional e o Partido Colorado deram liberdade a seus legisladores para decidirem. Sete legisladores do Partido Nacional votaram contra, assim como um do Partido Colorado.
O primeiro a se manifestar hoje foi o senador Rafael Michelini (FA), relator do projeto. Ele disse que o casamento gay é uma “modificação profunda” para a sociedade e que talvez em alguns anos possa ser comparada com a abolição da escravidão ou com a lei que determina a jornada de trabalho de oito horas.
Ele questionou até que ponto o Estado pode se “meter” na vida privada das pessoas. “O Estado vai se meter em nossos quartos? Acredito que tenhamos aqui um tema profundo de liberdades. Não deveria haver distinção de raça, idade ou sexo”, opinou o senador.
Michelini ainda defendeu o direito de casais homossexuais adotarem filhos. Ele afirmou que o mais importante não é ter uma família tradicional, mas sim “receber amor”.
Francisco Gallinal, um dos senadores do Partido Nacionalista que votou contra o projeto, disse que o casamento gay não é igualitário, porque questiona a instituição matrimonial vigente. Ele disse que “se amanhã chegar um setor da sociedade que quer o casamento entre mais de duas pessoas, entre três ou quatro. Já não é tão igualitário. O novo casamento não é igualitário, porque não é exclusivo, é excludente”, afirmou.
As modificações se referem a aspectos de redação e algumas variações no Código Civil, no qual os conceitos de “marido e mulher” passam todos a ser catalogados como “cônjuges”. O texto agora voltará à Câmara de Deputados para a aprovação final das alterações que foram feitas.