O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou, nesta quinta-feira (07.07), a sua renúncia à posição de líder do Partido Conservador, após uma série de escândalos e renúncia coletiva de mais de 50 membros do governo.
Boris pretende permanecer no cargo de premiê até o outono no Hemisfério Norte, para que os conservadores tenham tempo de eleger um novo líder para o suceder.
“É claro agora que deve haver um novo líder do Partido Conservador e, assim, um novo primeiro-ministro”, disse Boris Johnson.
“Eu vou servir até que um novo líder assuma”, acrescentou.
O premiê disse que um cronograma deve ser detalhado na próxima semana, e o processo de escolha de um próximo líder começa agora.
Boris Johnson afirmou que irá dar apoio ao novo líder a ser decidido. “Ao público, sei que muitos estarão aliviados. Estou triste por estar entregando o melhor emprego no mundo”, disse.
“A razão de eu ter lutado tanto é porque eu senti ser meu dever. Estou imensamente orgulhoso de minhas conquistas”, acrescentou.
“Me arrependo por não ser bem-sucedido em permanecer [no cargo]”, afirmou, em outro momento. Ele disse que “ninguém é indispensável na política”, até haver um novo primeiro-ministro, “o interesse público será servido”.
O anúncio de Johnson ocorre em meio a escândalos que pautaram os noticiários do mundo nos últimos meses. O estopim se deu após a renúncia coletiva de mais de 50 integrantes de seu governo.
Boris Johnson ocupa o cargo de primeiro-ministro há três anos, tendo sido eleito em votações internas do Partido Conservador do Reino Unido em julho de 2019, substituindo Theresa May, que havia renunciado ao cargo.
As críticas referentes à gestão de Johnson foram intensificadas em janeiro deste ano, quando vazou a informação de que o premiê havia promovido festas no jardim da residência oficial de Downing Street, em Londres, durante o primeiro lockdown contra o coronavírus.
As revelações sobre uma série de festas em Downing Street reuniram o escárnio popular com as críticas do líder de oposição do Partido Trabalhista Keir Starmer, que disse que Johnson não tinha autoridade moral para liderar o país.
Entretanto, a principal e mais recente causa da instabilidade é relacionada ao parlamentar Chris Pincher, demitido na última quinta-feira em meio a alegações de que Johnson o havia nomeado para seu governo mesmo sabendo de acusações de má conduta sexual.
Quando novos relatos sobre outros casos relacionados a Pincher, enquanto era ministro das Relações Exteriores, surgiram, foi negado que o premiê soubesse qualquer coisa a respeito da situação.
Porém, após dificuldades em fornecer explicações, a equipe de Johnson disse que ele tinha conhecimento das acusações, mas que haviam sido “resolvidas”.
Na manhã de terça-feira (5), Simon McDonald, ex-funcionário público do Ministério das Relações Exteriores, revelou que Johnson havia sido informado pessoalmente sobre o resultado de uma investigação sobre a conduta do ex-membro do governo, provocando uma onda de demissões ao longo do dia.
O primeiro-ministro reconheceu na terça-feira que “foi um erro” nomear Pincher para seu governo, mas o dano já havia sido feito.