Um foguete lançado pelo braço armado do Hamas caiu na região de Jerusalém nesta sexta-feira (16), segundo a Rádio Israel, em mais um lance da escalada de violência entre isralenses e palestinos da Faixa de Gaza.
Não houve feridos, segundo a rádio.
Sirenes antiaéreas soaram na cidade, sede do governo israelense, que fica a 70 quilômetros da Faixa de Gaza, antes de um impacto ser ouvido, segundo testemunhas da agência Reuters.
Mais cedo, o Hamas lançou um foguete Qassam em direção à cidade israelense de Tel Aviv.
A polícia afirmou que um foguete lançado a partir de Gaza caiu no mar, próximo à cidade. Sirenes soaram no centro comercial de Tel Aviv no início da tarde, e uma forte explosão foi ouvida.
Na véspera, militantes palestinos em Gaza lançaram dois foguetes contra a cidade, que é a capital comercial israelense. Um caiu no mar, segundo uma fonte de segurança, e o outro atingiu um subúrbio de Tel Aviv, sem causar danos ou feridos. O primeiro ataque foi reivindicado pela Jihad Islâmica.
Mortes em Gaza
Ao mesmo tempo, três palestinos morreram em novos bobardeios israelenses ao territórioo segundo fontes palestinas. Duas pessoas morreram em Nazila, no norte do território, e outra em Khan Yunes, no sul.
Um porta-voz do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu havia acusado pouco antes o Hamas, que governa Gaza, de não respeitar uma trégua provisória anunciada por Israel durante a visita do premiê do Egito, Hisham Kandil, ao território.
"O Hamas não respeita a visita do primeiro-ministro egípcio a Gaza e viola a trégua temporária com a qual Israel concordou durante a visita", disse Ofir Gendelman, porta-voz de Netanyahu, que está em campanha eleitoral.
O Hamas afirmou que esperou a saída de Kandil para retomar os ataques.
Esforços para trégua
Kandil disse que seu país vai "intensificar seus esforços" para conseguir uma trégua entre os grupos armados palestinos e o estado de Israel, após a escalada de violência nos últimos dias na Faixa de Gaza, que deixou os inimigos à beira de uma nova guerra.
Ele está em uma breve visita ao território para tentar deter a violência dos últimos dias, detonada após Israel ter matado Ahmed Jaabali, principal comandante militar do Hamas, movimento palestino que governa a região.
Uma autoridade palestina próxima aos mediadores do Egito disse à Reuters que a visita de Kandil era o começo de um processo para explorar a possibilidade de se chegar a uma trégua. "É cedo para falar de qualquer detalhe ou de como as coisas vão evoluir", afirmou.
A violência em Gaza criou preocupação em um Oriente Médio agitado por dois anos de revoluções democráticas no mundo árabe e uma guerrra civil na Síria que ameaça se espalhar por toda a região.
Desde quarta-feira, bombardeios de lado a lado mataram pelo menos 24 pessoas (8 militantes palestinos, 13 civis palestinos e 3 civis israelenses e deixaram mais de 235 palsetinos feridos, segundo fontes médicas palestinas.
O premiê egípcio qualificou de "agressão" a ocupação israelense.
"O Egito vai intensificar seus esforços para terminar essa agressão e conseguir uma trégua duradoura", disse, ao visitar um hospital de Gaza, acompanhado por Ismail Haniye, chefe de governo do Hamas.
Ali, ele visitou vítimas dos ataques israelenses dos últimos dias.
O Egito, que atualmente tem um governo islâmico considerado ideologicamente próximo ao Hamas, já negociou tréguas fanteriores entre Israel e militantes palestinos na Faixa de Gaza.
Kandil disse que o Egito, que assinou um tratado de paz com Israel em 1979, defende a criação de um Estado palestino, tendo Jerusalém como capital.
Reservistas
Na véspera, o Ministério da Defesa de Israel anunciou a convocação de 30 mil reservistas, em uma demonstração de que os ataques ao território palestino, na chamada operação "Pilar de Defesa", podem ser intensificados.
Destes, 16 mil começaram a ser mobilizados já nesta sexta, segundo uma fonte militar.
Tanques e canhões israelenses já eram vistos próximo à fronteira nesta sexta.
Tel Aviv
O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que o fato de dois foguetes disparados de Gaza terem caído, pela primeira vez, na região perto de Tel Aviv na quinta, é considerado "uma escalada" no conflito.
A região foi atacada pela primeira vez desde 1991, quando a capital econômica de Israel foi atingida por mísseis Scud lançados pelo Iraque do então ditador Saddam Hussein.
A operação "Pilar de Defnsa" foi ativada na quarta-feira à tarde com o assassinato em Gaza de Ahmad Jaabari, comandante militar do grupo radical Hamas.
Os palestinos dispararam quase 300 mísseis contra Israel. Três israelenses morreram na quinta-feira quando um dos projéteis atingiu um prédio residencial no sul do país.
Ao mesmo tempo, há sinais de possíveis preparativos para um ataque terrestre.
Em ataques antes do amanhecer, aviões de guerra bombardearam áreas abertas ao longo da zona de fronteira com Israel, no que poderia ser um estágio de "amaciamento" para limpar o caminho para tanques.
Reprercussão
A União Europeia admitiu nesta sexta-feira que Israel tem o direito de defesa, mas pediu ao país uma "resposta proporcional" aos ataques dos grupos palestinos.
A chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmou estar "profundamente preocupada com a escalada da violência" e lamentou a perda de vidas nos dois lados.
O governo dos Estados Unidos pediu na quinta-feira a Egito e Turquia que utilizem sua influência com os palestinos para acabar com os disparos de foguetes a partir de Gaza, ao mesmo tempo que considerou que o Hamas deve interromper os ataques "injustificáveis".
A primeira-ministra (chanceler) alemã, Angela Merkel, pediu ao Egito que use sua influência sobre o Hamas para pôr fim à violência, disse o porta-voz dela, acrescentando que "Israel tem o direito e a obrigação" de proteger sua população.
"O Hamas em Gaza é responsável pela irrupção da violência", afirmou o porta-voz de Merkel, Georg Streiter. "Não há justificativa para o disparo de foguetes contra Israel, que tem resultado em enorme sofrimento para a população civil."
O negociador-chefe dos palestinos para a paz, Saeb Erekat, cujo empenho para firmar um acordo com Israel é considerado uma traição pelo Hamas, disse que os esforços do presidente palestino, Mahmoud Abbas, estão concentrados em uma coisa: fazer a violência retroceder e salvar vidas em Gaza. "É isso o que estamos esperando", disse.
"Nenhuma pressão pode deter nossos esforços nas Nações Unidas", disse ele, referindo-se às ações para levar a Assembleia-Geral da ONU a votar no fim do mês a concessão do status de Estado observador aos territórios palestinos, incluindo a Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Paz congelada
O Hamas rejeita totalmente a diplomacia de Abbas.
O movimento se recusa a reconhecer o direito de existência de Israel. Já o presidente palestino, Abbas, que governa a Cisjordânia, reconhece Israel, mas as conversações de paz entre os dois lados estão congeladas desde 2010.
Os partidários de Abbas dizem que levarão adiante o plano de tornar no fim do mês a região um "Estado observador" na ONU, em vez de uma mera "entidade", como é classificado atualmente.
O conflito representa um teste para o compromisso de Mursi com o acordo firmado entre Egito e Israel em 1979, visto pelo Ocidente como um alicerce para a paz no Oriente Médio.
Última guerra
A última guerra entre os dois lados, uma blitz aérea israelense que durou três semanas e uma invasão por terra durante o período de Ano Novo de 2008-2009, deixou mais de 1.400 palestinos mortos, a maioria civis, e matou 13 israelenses.
"Se o Hamas diz que compreende a mensagem e se compromete com um cessar-fogo duradouro, via os egípcios ou qualquer outra pessoa, é isso que nós queremos. Queremos tranquilidade no sul e uma forte dissuasão", disse o vice-primeiro-ministro de Israel, Moshe Yaalon.
"Os egípcios têm sido um canal para a passagem de mensagens. O Hamas sempre se volta para pedir um cessar-fogo. Estamos em contato com o Ministério da Defesa egípcio. E poderia ser um canal em que um cessar-fogo seja alcançado", disse à rádio israelense.