Filho da brasileira Ozana Rodrigues, Brian de Mulder, cidadão belga acusado de se juntar à luta terrorista ao lado do Estado Islâmico, foi condenado à revelia a cinco anos de prisão e multa de € 15 mil por terrorismo. O jovem de 21 anos está na Síria atualmente, onde chegou em 2013. Brian faz parte do grupo Sharia4Belgium, acusado de atividades terroristas e contando com um total de 45 réus — dos quais apenas sete estavam na corte.
O líder da célula, Fouad Belkacem, foi condenado a 12 anos de prisão e multa de € 12 mil. Um dos coordenadores do grupo, o informante Jejoen Bontinck, ficará em liberdade condicional por 40 meses e terá de pagar à Bélgica € 5 mil. Ele está preso por violar uma outra condicional. A ordem de prisão para todos é imediata. 38 dos acusados não compareceram, por estarem lutando (provavelmente) na Síria ou mortos.
— Todos os 45 réus provaram liderança ou participação no grupo terrorista. Exceto por Belkacem, todos foram à Síria e se juntaram a dois grupos por lá. São apoiadores de ideias jihadistas violentas. Fica claro que a Sharia4Belgium tinha como missão substituir o poder por um Estado totalitário islâmico — declarou o juiz que aplicou as sentenças.
A Bélgica declarou alerta máximo antes do julgamento.
DRAMA
Brian, um jovem de 21 anos de nacionalidade belga, viajou à Síria há quase dois anos para reforçar a milícia do EI e nunca mais voltou. O último contato recebido pela mãe, Ozana Rodrigues, foi um telefonema há um mês de uma pessoa que dizia ser Brian, mas ela não pôde confirmar a veracidade da informação. O jovem contou que iria ser pai, mas nem isso a animou.— Não consigo aceitar que tiraram meu filho de mim, de quem cuidei, criei com amor e carinho por 19 anos. Vem um povo que não sei de onde é, não é Deus, não é o profeta, e o tira de mim — lamentou a brasileiraem entrevista ao GLOBO, nesta terça-feira. — Prefiro ver meu filho na cadeia do que morto na Síria.
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Moradora da cidade de Antuérpia, Ozana relatou ter perdido emprego, casa, sofrido retaliação na rua e tentado suicídio. Ela afirmou ainda ter enfrentado dificuldades para achar trabalho.
— Fiquei um ano e quatro meses sem moradia. Sábado passado consegui alugar um apartamento. As pessoas diziam que não iriam alugar para mãe de terrorista. Quando olham para o meu rosto e descobrem meu nome, já me falam que não há vaga de trabalho.