O Facebook mantém o cerco fechado e continua deletando e censurando postagens de Anonymous, segundo integrantes do próprio movimento. Um deles, que tem mais de 20 perfis para tentar manter a fluidez de sua atuação na rede social, explica que armazena “uma série de screenshots de censura de posts, que já foram punidos”, como prova da retaliação.
Um desses prints seria o que está reproduzido, com exclusividade, abaixo.
A imagem traz um flagrante, em que um integrante da Tropa de Choque da Polícia Militar do Rio de Janeiro espirra gás de pimenta em uma série de manifestantes desarmados e, aparentemente, pacíficos no momento da repressão.
Confira a imagem que o Anonymous aponta como censurada pelo Facebook:
Com a imagem, vem também a identificação do autor da violência, chamado Dênis. O R7 conseguiu encontrar o perfil do policial no Facebook. Lá, ele confirma que trabalhou mesmo na PM do RJ.
O Anonymous em questão diz também que a postagem é antiga, mas que foi surpreendido recentemente com a notificação do Facebook.
— Acredite, tenho mais de 20 perfis no Face. Uns para postar, outros para comentar, outro para curtir, e por aí vai. Você não tem noção do trabalho que dá.
Esse tipo de postagem é muito comum por parte dos ativistas. Eles costumam liberar nome e informações pessoais, como número de documentos, filiação e bens declarados de seus “alvos”, normalmente policiais acusados de repressão violenta e indevida em manifestações e políticos envolvidos em escândalos de corrupção.
E a prática é apenas mais um dos elementos da polêmica. A briga entre Facebook e Anonymous é antiga: hackers estão criticando a rede de Mark Zuckerberg faz tempo. Em meados de abril, o movimento marcou um mutirão global contra o Facebook, na operação batizada de #OP Truth Force (algo como Força Verdadeira), para o dia 6/4. A investida teve chamada em escala global e surgiu na Inglaterra.
Os meses seguintes foram cruciais para a atividade do Anonymous na internet brasileira. Com as manifestações nas ruas das principais cidades do País, as fanpages relacionadas aos cyberativistas explodiram. Uma delas, a AnonymousBr4sil, por exemplo, bateu 1 milhão de seguidores com facilidade (e já está próxima de dobrar a marca).
Essas próprias fanpages também denunciam casos de censura, publicamente. Como este, agora em um post envolvendo candidatos à Presidência da República em 2014:
A censura, algumas vezes, mostra-se “involuntária”. Recentemente, o Facebook alterou seu algoritmo de composição do feed de notícias. Agora, o que aparece em sua linha do tempo é selecionado por uma forma de filtro diferente, para tentar, segundo a rede, mostrar o que é mais relevante. O Anonymous alega que, com esta nova regra, suas postagens estão sendo “escondidas” dos seguidores.
Para correr atrás dos prejuízos, eles estão pedindo (e repetindo posts sobre o assunto, inclusive) para que os fãs interajam mais nos posts, para tentar aumentar a relevância. Ou, ainda, que registrem a página em suas listas de interesses pessoais. Vale lembrar que cada post tende a atingir apenas 6% dos fãs, regra que vale para todas as fanpages.
Consultado pela reportagem do R7, o Facebook informa que não comenta casos específicos. De acordo com a comunicação da rede social, os usuários podem encontrar informações sobre regras e políticas para publicação de conteúdo nas páginas de comunidade da rede social.