Mato Grosso deve estabelecer nesta temporada agrícola recorde absoluto para a produção de milho segunda safra. Graças à incorporação de novas áreas e a tecnificação no campo a oferta do cereal prevista passa a ser de 17,36 milhões de toneladas (a maior da história) e não mais 16,05 milhões de toneladas anteriormente previstas.
O incremento de 8% deve-se à atualização realizada pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), em relatório divulgado nesta segunda-feira (27.05). Ao revisar seus números para área o Instituto passa considerar oficialmente em 3 milhões de toneladas o espaço reservado à cultura na atual temporada, 8% a mais que os 2,7 milhões de hectares do último relatório.
Pelo menos dois fatores puxaram a ampliação. “Muitos produtores de algodão migraram suas áreas para o milho em vista do excesso de chuva que atrasou o plantio da pluma. Além disso, agricultores que no início da safra decidiram por não plantar milho acabaram plantando no decorrer do tempo”, descreve a analista de mercado do Imea, Bruna Lopes.
De acordo com o Imea, novos números de produtividade também passam a ser considerados. O desempenho da região sudeste, antes estimado em 92 sc/ha, foi reajustado para 88 sc/ha. “Essa alteração deve-se à escassez de chuvas ocorrida no último mês em quase toda a região”, afirmou Bruna Lopes.
Já no médio-norte o favorecimento do clima fez com que a expectativa de produtividade fosse acrescida em mais duas sacas, ficando agora em 102 sc/ha. “Esta região desenvolveu-se bem graças às chuvas, aumentando a estimativa de produtividade”, completou ainda a especialista do Instituto.
Mercado Interno - Mas o anúncio de uma nova supersafra volta a pressionar o mercado de preços em um momento também de estoques enxutos. Na tentativa de reverter o cenário o governo confirmou para o dia 04 de junho o primeiro Leilão de Contrato de Opção de Venda (COV) de milho em grãos para Mato Grosso pela Conab, em Brasília, por meio do Sistema de Cartela, com o valor de exercício em R$ 15,12/sc (não somado o frete), ou R$ 2,10 acima do preço mínimo de R$ 13,02/sc.
Considerando o custo de produção em R$ 1.330,00 e uma produtividade de 90 sc/ha, tem-se que o custo por saca fica em R$ 14,80. No entanto, o volume programado para comercialização - 2 milhões de toneladas - não deve atender a uma grande faixa de produtores rurais.
"Desta forma, o valor de exercício remunera o produtor em R$ 0,32, cobrindo seus custos. No entanto, o volume a ser comercializado atende apenas a 12,5% da produção total de milho prevista para o Estado, muito longe de atingir a necessidade de todos os produtores", segundo o Imea.