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Economia Quarta-feira, 14 de Novembro de 2012, 09:39 - A | A

Quarta-feira, 14 de Novembro de 2012, 09h:39 - A | A

Protesto

Pai de criança jogada de ponte se veste de super-herói e faz protesto

Fantasiado de super-homem, com uma bola na mão e ainda carregando um buquê de flores, Lauro Pereira Camargo, participou de uma passeata na tarde desta terça-feira (13) como homenagem ao filho de 4 anos de idade que morreu afogado após ser arremessado da Ponte Júlio Müller, em Cuiabá. As flores foram em homenagem a ex-sogra que também foi assassinada no último domingo (11), mesma data em que o neto.

A manifestação reuniu centenas de pessoas entre parentes, vizinhos e amigos da família, no Bairro Dom Aquino, na capital. Eles percorreram várias ruas na região. Com cartazes, faixas e muitas orações, as pessoas clamavam por Justiça durante todo o percurso. Elas também protestaram contra a violência. Abalada, a mãe da criança, Tássia Alves, de 24 anos, chorou muito durante a o percurso e se manteve em silêncio.

O principal suspeito pelo duplo homicídio é o ex-namorado de Tássia, que está preso no Centro de Ressocialização de Cuiabá. No domingo, ele foi até a casa da ex-sogra Admárcia Mônica da Silva, de 44 anos, à procura de Tássia, no entanto, a jovem não estava. Na ocasião, ele e a ex-sogra teriam discutido quando ocorreu o assassinato. Ela foi esfaqueada e teve o corpo parcialmente carbonizado. O neto da vítima, de 4 anos, também estava na residência e foi levado pelo suspeito até a ponte, onde foi jogado por ele no rio. O corpo do menino foi encontrado minutos depois por um pescador próximo ao local.

O pai da criança também estava abalado durante a passeata e mesmo com o pé enfaixado protestou. “Eu morri junto com ele'', desabafou Lauro Pereira. Emocionado, ele afirmou que uniu forças para encabeçar o protesto e declarou que o crime não poderá cair no esquecimento. “É muito doído. Espero que a Justiça seja feita, não queremos que esse acontecimento passe em branco", ressalvou. Segundo Lauro, a roupa do super-herói foi escolhida pelo fato do filho gostar do desenho. As flores, conforme ele, são dedicadas à avó do menino que tentou protegê-lo. “Dona Márcia, muito obrigado. Onde quer que você esteja ao lado do meu filho, estas rosas são para você", agradeceu.

O presidente da Associação dos Familiares Vítimas de Violência (AFVV), Heitor Reis, cujo filho também foi assassinado em 2008, esteve presente na manifestação e coletou assinaturas pelas mudanças no código penal. “ Lutamos pelo fim da impunidade e por meio deste manifesto pedimos o aumento da penalidade por crime hediondo para 50 anos e para que assassinos como estes tenham pena máxima. Também para que outros que ganharem a liberdade passem por reavaliação psicológica antes de serem soltos”, ressaltou.

Para o trabalhador Jorgemar Pinto, pai do menino Kayto, assassinado em 2010, a dor da perda de um filho é inexplicável. Ele destaca que neste momento o apoio à família é muito importante. “O desejo é que a pessoa que cometeu o crime nunca saia da cadeia, pois, não tem nem como classificar quem tem a coragem de assassinar uma criança'', pontuou.

Muitas crianças também participaram da passeata como homenagem ao menino. O avô da criança, Luiz Alves, contou que a filha já havia rompido o relacionamento com o suspeito e que durante o relacionamento do casal, ele já se mostrava agressivo. “ Minha filha rompeu o relacionamento porque ele [ suspeito] já havia agredido ela. Tássia chegou a registrar um boletim de ocorrência na polícia, '' enfatizou.

Depoimento - Horas depois do duplo homicídio, o suspeito foi preso na residência dele. De acordo com a Polícia Militar, o rapaz, que trabalha com instalações eletrônicas, chegou a ir até o local de trabalho, porém, voltou para casa depois de desconfiar que uma equipe da polícia realizava rondas pelo local.

Ao ser preso, ele foi para o Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc), do bairro Planalto, na capital. Em seguida, encaminhado para a Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Ao G1, o delegado José Sperândio disse que o suspeito preferiu não se manifestar durante o primeiro depoimento e chegou a declarar que iria falar sobre o caso somente em juízo.

 

 

Fonte: G1

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