Após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter informado que a economia brasileira teve retração de 0,6% no segundo trimestre deste ano e que estaria em "recessão técnica" - que se caracteriza por dois trimestres seguidos de queda - o mercado financeiro revisou novamente para baixo sua estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o crescimento da economia.
De acordo com a pesquisa com economistas dos bancos divulgada nesta segunda-feira (1) pelo Banco Central, a expectativa para o crescimento da economia do país em 2014 recuou de 0,70% para 0,52% na semana passada.
O relatório divulgado pelo BC é fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras na semana passada.
As projeções do mercado para o PIB têm caído ao longo do ano. Esta foi a décima quarta redução consecutiva do indicador. Em julho, o jornal "Financial Times" comparou esse movimento à "dança da cordinha", brincadeira em que o desafio é passar por baixo de uma corda que fica mais perto do chão a cada rodada.
Governo mudará previsão
Após a divulgação do PIB do segundo trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que revisará a previsão anterior, de crescimento de 1,8% da economia neste ano. “Teremos que revisar para baixo a expectativa no relatório (de receitas e despesas do Ministério do Planejamento) de setembro”, disse, na última sexta (29).
Para 2015, a previsão do mercado para a expansão do PIB recuou de 1,2% para 1,1%. Na última divulgação, antes de sair o PIB do segundo trimestre, o governo manteve a projeção de alta de 3% no ano que vem.
Inflação
A expectativa do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do pais, ficou estável, na semana passada, em 6,27% para este ano. Para 2015, a previsão avançou de 6,28% para 6,29%.
Pelo sistema que vigora atualmente no Brasil, a meta central tanto para 2014 quanto para 2015 é de 4,5%, mas com intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Taxa de juros estável nesta semana
Para conter a inflação, o BC subiu os juros entre abril do ano passado e maio deste ano, influenciando também o ritmo de atividade.
Com taxas maiores, há redução do crédito e do dinheiro em circulação, assim como do número de pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços caiam ou parem de subir.
Nesta semana o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, se reúne para definir como fica a taxa básica de juros (Selic) da economia brasileira.
Na última reunião, ela foi mantida em 11% ao ano. A decisão será anunciada na próxima quarta-feira (3) após as 18h.
A expectativa dos analistas dos bancos é de que a taxa permaneça em 11% ao ano até o fechamento de 2014. Para o fim de 2015, a previsão dos analistas para o juro básico recuou de 12% para 11,75% ao ano.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2014 ficou estável em R$ 2,35 por dólar. Para o término de 2015, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio permaneceu em R$ 2,50 por dólar.
A projeção para o superávit da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2014 recuou de US$ 2,50 bilhões para US$ 2,17 bilhões na semana passada. Para 2015, a previsão de superávit comercial ficou estável em US$ 8 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 60 bilhões. Para 2015, a estimativa dos analistas para o aporte caiu de US$ 56 bilhões para US$ 55 bilhões.