As vendas do comércio varejista brasileiro registraram alta de 0,4% em setembro, na comparação com o mês anterior, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento ficou abaixo do obtido no mês anterior, de 1,2% (dado revisado).
No ano, de janeiro a setembro, o varejo aponta alta de de 2,6% e, em 12 meses, de 3,4%. Já na comparação com agosto do ano passado, o comércio mostrou alta de 0,5%, primeiro avanço após duas quedas seguidas.
Segundo o IBGE, 2014 é o menor setembro (0,5%) desde 2004, na comparação anual.
Entre as atividades pesquisadas pelo IBGE, tiveram alta as vendas dos setores de móveis e eletrodomésticos (1,8%); outros artigos de uso pessoal e domésticos (1,2%); combustíveis e lubrificantes (0,7%) e material de construção (0,5%), entre outros.
“Esse setor [móveis], tem dois meses que ele está com uma recuperação. Pode ser que tenha alguns meses com consumo menor desse item tenha alcançado recuperação pelos outros meses terem sido muito baixos”, explicou Juliana Vasconcellos, gerente da coordenação de serviços e comércio.
Na comparação com setembro do ano passado, cinco das oito atividades registraram variações positivas, com destaque para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (10,3%); outros artigos de uso pessoal e doméstico (5,8%); combustíveis e lubrificantes (2,8%) e tecidos, vestuário e calçados (0,2%), entre outros.
"A atividade de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, com expansão de 10,3% no volume de vendas na comparação com setembro de 2013, contribuiu com a maior impacto positivo na taxa global do varejo. Os preços dos produtos farmacêuticos, que em 12 meses subiram 4,6%, contra 6,8% do IPCA, somado à essencialidade dos produtos comercializados são os principais fatores que explicam o desempenho positivo deste segmento", explica a nota do IBGE.
Segundo a especialista, os itens farmácia e combustíveis ajudaram a puxar as vendas do varejo para cima. “Tanto combustíveis quanto farmácia estão com preços abaixo da inflação.”
"Crédito e renda estão crescendo em patamares mais baixos e isso diminui o poder de compra. Não afeta o setor de farmácia porque é um setor de produtos essenciais, mesmo com o poder de compra menor”, afirmou Juliana.
Na outra ponta, pesaram negativamente as quedas das vendas em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,0%); livros, jornais, revistas e papelaria (-10,6%); e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,3%).
“Agosto teve muita influência de equipamentos por causa da volta às aulas. Esse mês [setor de equipamentos e material para escritório] não tem o mesmo comportamento, não consegue alcançar o patamar de agosto”, disse Juliana Vasconcellos.
"Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo representou o maior impacto negativo na formação da taxa global do varejo. Esta atividade teve seu desempenho influenciado pelo menor ritmo de crescimento da renda e pelo comportamento dos preços dos alimentos, que cresceram acima do índice geral no período de 12 meses", informa a nota do IBGE.
Análise regional
Das 27 unidades da federação, 23 registraram aumento no volume de vendas na comparação de setembro de 2014 com igual mês do ano anterior (série sem ajuste), com destaque para o Acre (20,6%), Roraima (14,3%), Rondônia (13,3%), Amapá (9,4%) e Paraíba (5,6%).
Já em relação ao mês anterior, as vendas cresceram em 17 estados, com destaque para Roraima (3,1%), Tocantins (2,4%), Espírito Santo (2,3%), Amapá (2,1%) e Amazonas (2,1%).
Receita
A receita nominal do varejo cresceu 0,7% frente a agosto e 6,9% na comparação com o ano anterior. No ano, registra avanço de 9% e, em 12 meses, de 9,8%.