Após o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de fevereiro, que somou 0,60% e veio acima das expectativas do mercado e do governo federal, os economistas dos bancos passaram a prever mais inflação para este ano e, também, elevação da taxa básica de juros da economia – atualmente em 7,25% ao ano – no decorrer de 2013.
As previsões dos analistas constam no relatório de mercado, também conhecido como Focus, documento que é fruto de pesquisa do Banco Central com mais de 100 instituições financeiras e que foi divulgado nesta segunda-feira (11) pelo autoridade monetária. As previsões foram feitas na semana passada.
Inflação e juro
Sobre a inflação deste ano, medida pelo IPCA, a estimativa do mercado financeiro subiu de 5,70% para 5,82% na última semana. Para 2014, a expectativa do mercado financeiro para o IPCA ficou estável em 5,50%.
Pelo sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o IPCA. Para 2013 e 2014, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Desse modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
O mercado financeiro também passou a acreditar que o BC subirá o juro básico da economia neste ano. Até o momento, os analistas previam que a taxa permaneceria estável em 7,25% ao ano, na mínima histórica, até o fim de 2013. Após a divulgação do IPCA de fevereiro, porém, passou a estimar que a taxa básica terá elevação de 0,75 ponto percentual ao longo de 2013, terminando este ano em 8% ao ano.
Os analistas dos bancos acreditam que a taxa começará a subir somente em outubro deste ano, quando passaria de 7,25% para 7,75% ao ano. Em novembro, os economistas acreditam que o BC promoveria uma nova elevação, desta vez para 8% ao ano - patamar no qual os juros básicos terminariam 2013.
Crescimento da economia
Segundo o BC, a previsão de crescimento do PIB dos analistas dos bancos, relativa ao ano de 2013, subiu de 3,09% para 3,10% na última semana. Para 2014, porém, a previsão dos analistas do mercado financeiro para o crescimento econômico recuou de 3,65% para 3,50%.
O IBGE informou, no começo deste mês, que o PIB de 2012 avançou somente 0,9%, no pior desempenho desde 2009. Para este ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que vinha prevendo expansão superior a 4%, revisou sua estimativa para um crescimento de 3% a 4% em 2013.
Câmbio, balança comercial e investimentos estrangeiros
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2013 permaneceu em R$ 2 por dólar. Para o fechamento de 2014, a estimativa dos analistas dos bancos para o dólar subiu de R$ 2,05 para R$ 2,06.
A projeção dos economistas do mercado financeiro para o superávit da balança comercial (exportações menos importações) em 2013 recuou de US$ 15 bilhões para US$ 14,9 bilhões na semana passada. Para 2014, a previsão de superávit comercial caiu de US$ 14,5 bilhões para US$ 13,65 bilhões na última semana.
Para 2013, a projeção de entrada de investimentos no Brasil ficou inalterada em US$ 60 bilhões. Para 2014, a estimativa dos analistas para o aporte de investimentos estrangeiros continuou em US$ 60 bilhões na última semana.