"Eu não estou otimista com a situação. Eu acho que estes são tempos de desafios para todos, pois estamos em uma transição", disse Tombini em uma palestra a estudantes em Londres.
Após uma apresentação sobre perspectivas da economia brasileira para 2014, em que destacou números positivos de geração de empregos e de queda de custos de energia e de produção, ele foi questionado por uma integrante da plateia se sua visão não seria "otimista demais".
"Na minha visão, eu não sou otimista. O Brasil crescendo a 2% não é nada otimista. Inflação [flutuando] acima da meta não é nada otimista. O que estou passando é uma mensagem realista sobre onde estamos, o que estamos fazendo e quais são os focos da nossa ação daqui para frente."
Ele disse que, neste momento, é necessário fazer um diagnóstico claro da situação e reagir de forma adequada. Tombini afirmou que, para segurar a inflação, o Brasil reagiu aumentando os juros em 325 pontos da taxa Selic.
A previsão mais recente do FMI é de que a economia brasileira crescerá 2,3% em 2014.
Tombini disse que a inflação brasileira em janeiro deve ficar por volta de 5,7%, mostrando uma desaceleração em relação a dezembro e se mantendo abaixo do teto da meta do governo, de 6,5%.
Produtividade - Em sua exposição, o presidente do Banco Central disse que o Brasil, mesmo crescendo abaixo do potencial nos últimos três anos, conseguiu gerar 4,5 milhões de emprego com inclusão social. Para Tombini, o desafio agora é aumentar a produtividade dos trabalhadores brasileiros, com programas voltados para a educação acadêmica e técnica dos trabalhadores.
Ele falou que a confiança dos industriais brasileiros na economia aumentou de forma marginal nos últimos meses, mas que ainda é "preciso fazer mais" para estimular novos investimentos na criação de fábricas.
Sobre o cenário internacional, Tombini falou que o momento exige "muita cautela" das economias avançadas, que estão retirando estímulos financeiros que beneficiaram os índices de crescimento em países emergentes nos últimos anos.
Tombini disse que, de maio a setembro do ano passado, os rumores sobre o fim do programa americano de estímulos financeiros provocaram grande volatilidade do real.
Mas ele viu uma "melhora na comunicação" por parte das autoridades americanas a partir de dezembro. Desde então, segundo ele, mesmo com o anúncio formal do começo do fim dos estímulos, os mercados já não tiveram tanta volatilidade.