As investigações envolvendo denúncias de corrupção na Petrobras levaram a agência de classificação de risco Moody´s a baixar a classificação de crédito, medida pelo critério Baseline Credit Assessment (BCA), da empresa brasileira. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (3) pela agência, que explicou que a nota reduzida da Petrobras representa o risco de crédito de uma empresa, independentemente do apoio da entidade à qual está vinculada – no caso da petroleira, o próprio governo brasileiro.
A classificação da petroleira caiu de Baa3 para Ba1.
O rating global de emissor da Petrobras, no entanto, foi mantido em Baa2, com perspectiva negativa. Isso mantém a estatal com grau de investimento – ou seja, tem boa recomendação para receber investimentos.
A diferença nos ratings acontece porque a agência entende que a Petrobras, como empresa, está em uma situação pior que na avaliação anterior – por isso a redução do rating BCA. Mas, como ela é uma estatal, ela conta com o apoio do governo brasileiro, o que garante que há baixíssimo risco de "calote" – e isso explica a manutenção do rating global como grau de investimento.
Balanço adiado
A decisão desta quarta cita o atraso da Petrobras em entregar o resultado trimestral da companhia, tendo como justificativa as investigações sobre as denúncias relacionadas à operação Lava Jato. O atraso, segundo a Moody´s, restringe o acesso de mercado da empresa e pode eventualmente causar quebras de contratos, o que aumentaria significativamente o risco de financiamento da empresa.
A agência aponta ainda que as investigações internas e externas sobre eventuais casos de corrupção na empresa podem trazer penalidades e ainda enfraquecer as operações da empresa. A justificativa cita entre as investigações o pedido de documentos da Securities and Exchange Commission (SEC), o órgão que regula o mercado de capitais nos Estados Unidos e que, no Brasil, seria correspondente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Denúncias
A Petrobras está no centro das investigações da operação Lava-Jato, da Polícia Federal. O esquema, segundo a PF, foi usado para lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, e movimentou cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a PF, as investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio.
Os principais contratos sob suspeita são a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, que teria servido para abastecer caixa de partidos e pagar propina, e o da construção da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, da qual teriam sido desviados até R$ 400 milhões.