Comerciantes e trabalhadores do Shopping Popular estão se endividando na tentativa de recomeçar após o incêndio que tomou conta do prédio onde trabalhavam, no dia 15 de julho.
Os profissionais foram ouvidos pela reportagem do nesta quarta-feira (24.07) e contaram as dificuldades enfrentadas para voltarem ao trabalho.
Com a recusa do governador Mauro Mendes (União Brasil) de oferecer empréstimo a juros zero, os profissionais começaram a contrair dívidas de cartões de crédito para manter os serviços em tendas improvisadas na calçada ao lado do antigo prédio. Mendes afirmou que o governo não pode "torrar" dinheiro público sem necessidade.
Comerciante inauguraria lanchonete no dia do incêndio
Há 23 anos instalada no Shopping Popular, a comerciante Priscila Santos Cardoso, em entrevista ao relatou que além de perder tudo que tinham de mercadorias e estoques nas seis lojas que a família tocava no espaço, ainda perdeu todo investimento de uma lanchonete que seria inaugurada na segunda-feira (15), dia em que tudo virou cinzas.
No ramo de produtos eletrônicos, Priscila afirmou que dependiam 100% da renda das lojas, não vendo outra saída, a família precisou usar o único limite que tinham no cartão de crédito, além de vender o automóvel da família para recomeçar. Com seis mesas dividindo o mesmo espaço na tenda, a família tenta unida se reerguer. Ainda segundo ela, alguns comerciantes estão fazendo rifas para poder pagar contas de casa como luz e água.
“Nós somos camelôs. Eu tenho 23 anos, eu criei meus filhos assim. Não é que eu sou uma empresária, não. Eu tenho um conforto. Tinha, né? Porque agora foi carro, foi tudo, graças a Deus a vida ficou”, desabafou.
Dívidas com cartão de crédito
Além da comerciante, outros lojistas também se viram obrigados a se “enfiarem” em dívidas de cartão de crédito para conseguir recomeçar. Como o caso, da Cristiane Aparecida Fernandes, que tinha a loja Prime Cell, assistência técnica para Celular.
Ela contou ao , que com o investimento que fizeram apenas estão conseguindo trabalhar na área de assistência técnica e mesmo assim ainda não conseguiram adquirir uma das máquinas que seria para cortar vidro, pois o custo é alto. Ela afirmou que também não estão vendendo capinhas de celulares, películas, e outros acessórios, pois não tinham recurso suficiente.
“Aqui no espaço o serviço está parado, mas também estamos trabalhando de online. Já trabalhávamos com o nosso Instagram e também pelo WhatsApp com os clientes. Então estamos conseguindo trabalhar desse jeito”, externou Cristiane.
Vendas a quase zero
Para o comerciante do ramo de garrafas e bombas de tererê, Manoel Fernandes de Souza, conhecido como Fernandes, disse ao que ali todos perderam tudo e começar emprestando dinheiro a juros é difícil. Segundo ele, neste momento os comerciantes precisam de ajuda, algo positivo.
Fernandes falou, ainda, que tudo que estão vendendo ali já é alguma coisa, pois segundo ele, o importante é não passar fome.
“Mas as vendas estão quase zero. Nossos clientes não sabem que estamos aqui, é tudo novo para eles. Nossos clientes estavam acostumados com um local melhor, aí vim aqui nesse calor de Cuiabá é difícil”, expressou Manoel.
Ressurgindo das cinzas
Entre um e outro que conseguiu recomeçar com as economias e cartões de crédito, no meio do caminho nem todos tiveram essa sorte, como é caso Rose Marie Garcia e de seu esposo. Ela contou ao , que há cerca de 2 a 3 anos, o marido alugou uma loja no Shopping Popular e trabalhava com a venda de celulares. Contudo, após o incêndio perderam todo o sustento da família.
Precisando recomeçar e sem recursos, o casal juntou as economias e neste momento precisa “trocar” de ramo para se reerguerem. Hoje Rose Marie disse que ao invés de vender celulares, estão vendendo cafezinho, bolacha, água, refrigerante e salgadinho.
“Apesar da tristeza, estamos felizes porque todos nós estamos bem, com vida, com saúde, para que possamos reiniciar. Isso é muito importante. A união faz a força aqui e está todo mundo muito unido por uma causa só. E é isso, eu só peço que Deus continue nos abençoando para que passamos, se Deus quiser, em breve ter um novo Shopping Popular”, disse esperançosa a comerciante.
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