A professora aposentada, Gonçalina de Barros Rosa, aos 89 anos relembra com carinho sua chegada a Bonsucesso em 1952, quando, aos 18 anos, veio de canoa para lecionar na escola estadual Maria Barbosa Martins. Em uma entrevista exclusiva ao #VGN, ela compartilha sua notável história, as dificuldades enfrentadas devido à falta de infraestrutura da época e sua decepção com a postura dos estudantes de hoje.
"Vim para Bonsucesso em 1952, vindo de Cuiabá, a convite para lecionar aqui. Naquela época, não havia estradas e era raro ver um carro na região, então cheguei de canoa. Ao chegar, fui acolhida pela generosidade do político Milu, que me ofereceu abrigo, e foi assim que comecei a dar aulas."
Naquela época, a escola, que hoje conta com uma infraestrutura sólida, era muito mais modesta, com apenas uma sala de aula, duas professoras e 52 alunos. As professoras também assumiam responsabilidades adicionais, como limpar a sala e buscar água no rio para os estudantes. Apesar das dificuldades, os alunos demonstravam profundo respeito pelas professoras.
"Fiquei responsável por uma turma, enquanto Etelvina cuidava de outra. Morávamos na escola e éramos nós que buscávamos água no rio e mantínhamos a sala limpa. Era uma tarefa árdua, mas naquela época, os alunos respeitavam os professores. Fui muito bem acolhida aqui, com apenas 18 anos. Tinha alunos da mesma idade, e todos nos respeitavam", recorda Gonçalina.
A professora Gonçalina observa que, embora a estrutura fosse mais desafiadora naquela época, o respeito aos professores era evidente, o que contrasta com a realidade atual. Ela destaca que não havia lanches na escola naquele tempo, e as pessoas até traziam "peixe frito" para a merenda.
"Ser professora é uma experiência maravilhosa! No entanto, hoje em dia, falta muito respeito e consideração pelos professores. Eu tive a sorte de vivenciar um período excelente, fui muito bem acolhida. Naquela época, não tínhamos lanches fornecidos, então fazíamos farofa e fritávamos banana-verde para comer como lanche. Todos vinham felizes para a escola, mesmo a pé, enquanto agora há ônibus e todas as facilidades, mas muitos alunos não se interessam em estudar", observa Gonçalina.
A professora Gonçalina faz um apelo aos estudantes para que cultivem mais respeito e educação, recomendando que gostem de seus professores, sejam mais disciplinados e que os pais se envolvam mais na vida escolar de seus filhos.
"Quando eu era professora, todos me adoravam; eu chegava e todos me abraçavam. Hoje em dia, parece que não se importam. Quando assumi o cargo de diretora, tínhamos um Ginásio com cerca de 200 alunos, e eu estabeleci regras. Ninguém entrava na sala de aula sem formar fila e cantar o hino; de classe em classe, seguiam para suas salas. Hoje, os alunos simplesmente chegam de ônibus, jogam suas mochilas nas carteiras e saem pela rua, sem ordem. Precisamos de mais disciplina. Talvez falte liderança de algumas diretoras, e os pais também deveriam conversar mais com seus filhos. Hoje em dia, eu não teria mais vontade de ser professora em sala de aula de jeito nenhum", afirma com pesar Gonçalina.
Leia também: Prefeito de VG licita Centro Cultural e asfalto para desafogar trânsito em Bonsucesso
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).