A Prefeitura de Cuiabá ameaça cortar os salários e benefícios dos médicos da rede municipal de saúde a partir de segunda-feira (28), em razão da greve iniciada pela categoria há 20 dias. Segundo o secretário-adjunto de Assistência da capital, Daoud Abdallah, a greve foi declarada ilegal pela Justiça e os médicos faltosos terão os salários, prêmios e incentivos cortados pelo município até que eles retornem ao trabalho.
Ao G1, a presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Eliana Siqueira, disse que a categoria não irá recuar diante do corte de pontos e que a greve irá continuar. “O movimento está forte, a despeito do que a prefeitura afirma, e vamos continuar em greve. A situação já passou do limite do suportável”, disse.
Desde a última semana, a Prefeitura de Cuiabá deu início ao remanejamento e à contratação de novos médicos para que os plantões descobertos das unidades de saúde sejam cumpridos. Até quinta-feira (24), 15 profissionais já haviam sido contratados, mas o município afirmou que pode contratar mais 11 médicos durante os próximos dias.
A Secretaria de Saúde da capital justifica as contratações como a única forma de garantir 100% de atendimento aos usuários nas unidades de urgência e emergência de Cuiabá. O município também alegou ter intensificado a fiscalização dentro das unidades de saúde, para que o atendimento dos pacientes seja normalizado.
O secretário afirmou que o município atendeu às reivindicações feitas pela categoria e que a única demanda não aceita pela prefeitura foi a implantação do piso nacional de R$ 12,9 mil por conta da crise econômica.
A greve
A greve começou no dia 7 de março e foi declarada ilegal pela Justiça antes mesmo de iniciar. Também foi imposta multa diária caso os médicos não voltassem ao trabalho. Na primeira decisão judicial, o valor foi de R$ 50 mil. Na segunda, subiu para R$ 70 mil.
Os profissionais pedem a implantação do piso nacional da categoria, que é de R$ 12,9 mil por 20 horas semanais, o pagamento das horas extras e melhores condições de trabalho. O piso atual dos médicos concursados é de R$ 3,8 mil. Por outro lado, a prefeitura afirma que não negocia com grevistas.
Assédio moral
Segundo a presidente do Sindimed-MT, Eliana Siqueira, a entidade irá denunciar à Justiça, na segunda-feira (28), os coordenadores e médicos-chefes por suposta prática de assédio moral, uma vez que estariam tentando impedir os médicos a darem continuidade ao movimento grevista.
“Além disso, na terça-feira (29), presidentes de sindicatos dos médicos de vários estados chegarão à Cuiabá para demonstrar apoio ao movimento. Não vamos recuar”, afirmou.
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