A moradora de Várzea Grande, Arlete do Nascimento Pinheiro, 22 anos, em entrevista ao VGN nessa terça-feira (08.06), relatou sobre suas expectativas pelo nascimento dos gêmeos siameses, que dividem o mesmo fígado e aguarda confirmação por exames para saber se dividem o mesmo coração.
“A situação deles é uma situação bem delicada por conta de não terem todos os membros fora do corpo e tudo mais e até mesmo por aparentemente dividirem o mesmo coração. É uma situação bem delicada. Os médicos falam para eu viver um dia de cada vez, não se apegue a nenhuma expectativa para você não frustrar”, afirmou a Arlete, que é manicure.
Com quase sete meses de gestação e com pouca esperança da medicina, Arlete espera que os filhos possam sobreviver com saúde. Ela aguarda a avaliação de uma equipe médica especializada após três meses depois do parto, que informará sobre a possibilidade de realizar a cirurgia da separação, sendo possível somente em outros Estados.
A minha expectativa é que venham com saúde, independente se não puderem ser desgrudados. O resto a gente batalha
Segurando sua emoção, a grávida que também enfrenta diversas dificuldades, contou ao VGN sobre a possibilidade dos seus filhos não sobreviverem.
“Meu médico me fala que se eles não fizerem uma cirurgia de separação, a expectativa de vida deles não é muito boa, até porque pode chegar um momento que um único coração não dê suporte para os dois. Então, eles (médicos) não dão muita esperança”, contou Arlete.
Ela conta que faz o acompanhamento no Hospital Universitário Júlio Müller e no Hospital Universitário de Cuiabá (HGU): “Sou acompanhada por dois médicos em dois hospitais diferentes”. Entretanto, observou que os médicos ainda precisam fazer novos exames para comprovar se os filhos dividem o mesmo coração.
“O que temos certeza é que eles dividem o fígado, mas o coração o médico falou que ele só consegue ver um. Ele não sabe ao certo se aquele coração grandão é dois - um emendadinho no outro, ou se realmente é um único coração. Como ele não tem certeza, ele fala: o que eu consigo ver é um único coração”, contou.
Desde que veio do Estado do Acre, há dois anos, com a família em busca de uma vida melhor, Arlete divide seu tempo entre o acompanhamento médico, os cuidados com a filha de três anos e o trabalho de manicure em um salão de beleza situado na região central de Várzea Grande.
“Eu e meu esposo viemos na frente. Eu sou manicure e trabalhava no salão com minha mãe, e meu trabalho lá é muito desvalorizado, lá você faz um pé e mão por R$ 20 e até por R$ 15. Meu marido não conseguia emprego. Aqui ele trabalha como motorista de aplicativo. Ainda não estabilizamos, até porque ele foi assaltado duas vezes e eu tenho uma bebezinha de três anos, que levo no trabalho, ainda não colocamos ela em uma escolinha, porque não temos condições para pagar”, declarou.
Como não parou de trabalhar durante da pandemia Covid-19, a reportagem questionou a jovem mãe, se já foi imunizada contra o vírus: “Minhas colegas me cobraram porque não me cadastrei, estava até com vontade, mas fui ver o caso de umas grávidas que se vacinaram e passaram mal, eu falei: com toda situação que já estou vivendo, passar mal é uma coisa que não estou querendo no momento. Acabei ficando um pouco assustada, então não vacinei”, declarou.
Outro caso - Em 2011, as gêmeas siamesas Kauany e Keroly passaram por uma cirurgia de separação. Elas nasceram unidas pelo abdome e foram separadas 10 meses depois. A cirurgia foi um sucesso e elas se recuperam bem do procedimento médico. A família mora na zona rural do município de Vale do São Domingos (a 491 km de Cuiabá).
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