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Cidades Terça-feira, 27 de Maio de 2014, 19:49 - A | A

Terça-feira, 27 de Maio de 2014, 19h:49 - A | A

Denúncia

Mixto teria recebido verba de esquema investigado na operação Ararath

Denúncia do MP aponta movimentação envolvendo o Mixto Esporte Clube.

Redação com G1/MT

Ação penal do Ministério Público Federal (MPF) por crimes financeiros e lavagem de dinheiro contra o ex-secretário de Estado, Éder Moraes, aponta que um dos clubes de futebol mais tradicionais de Mato Grosso, o Mixto Esporte Clube, teria recebido aportes de dinheiro oriundo do esquema de crimes financeiros investigado pela Polícia Federal (PF) na operação Ararath. Éder Moraes, que também é presidente do Mixto, encontra-se preso em Brasília há uma semana. Na ação, outras três pessoas foram denunciadas e o MPF menciona uma movimentação de mais de R$ 700 mil envolvendo o clube cuiabano.

As investigações apontam que o clube recebeu verba de um dos principais operadores do esquema investigado, o empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, que teria criado um “banco clandestino” para realizar empréstimos a políticos e empresas. O MPF aponta que o esquema teve início em 2008.

Repasses - Delator do esquema à PF, Júnior revelou em interrogatórios que Éder Moraes solicitou depósitos em favor de duas empresas para, segundo ele, efetuar a compra de jogadores para o time.

Tais depósitos foram feitos em 25 e 26 de junho de 2009, época em que o ex-secretário ainda nem tinha sido eleito presidente do clube – o que só ocorreu em junho de 2013.

Tendo Éder como mediador ou não, anotações apreendidas pela PF em fases anteriores da operação Ararath de fato apontam a existência dessa transferência de recursos, segundo trecho da denúncia.

Em uma dessas anotações, por exemplo, lê-se apenas “Mixto 250.000”. Em depoimento, Júnior confirmou que se trata de um repasse de R$ 250 mil ao clube de futebol – e a mando de Éder Moraes.

Júnior também confirmou o que sugere outra anotação, na qual se lê “Mixto 100.000”; segundo o delator, de fato se trata de um repasse de R$ 100 mil efetuado ao clube. O empresário ainda mencionou que, muitas vezes, Éder justificava a transferência alegando que se destinava à aquisição de jogadores ou para a alimentação do plantel da equipe.

O delator, entretanto, alegou não saber se seus cheques eram todos depositados em benefício do Mixto, mas ouviu dizer de Éder que “a intenção era injetar dinheiro no Mixto com o objetivo de alavancar o futebol de Mato Grosso”.

O nome do clube também aparece numa planilha apreendida acompanhado do valor R$ 362.000 e o MPF também ouviu o secretário-adjunto do Tesouro da Sefaz, Vivaldo Lopes (também denunciado na ação), o qual alegou ter sido realizado um único depósito de R$ 75 mil “a pretexto de auxiliar o recebimento de dinheiro para finalidade de pagamento de contas do Mixto Esporte Clube”.

Afam - Vivaldo e Éder eram membros da  Associação de Amantes do Futebol e Amigos do Mixto (Afam) em 2010, quando o MPF aponta que as transferências ao clube aconteceram. A associação havia sido criada em 2009 por figuras como Éder Moraes, Vivaldo Lopes, o senador Blairo Maggi (PR), o governador Silval Barbosa (PMDB) e o deputado José Riva (PSD) – todos citados na investigação da PF.

O objetivo da associação seria auxiliar o clube financeiramente, mas os resultados práticos dessa ajuda ainda são questionados. Quando a Afam iniciou suas atividades, o Mixto encontrava-se na Série C do Campeonato Brasileiro; um ano depois, já havia caído para a Série D. Em 2011, a Afam foi extinta.

Investigações - Na casa do pai de Júnior, delator do esquema, a PF chegou a apreender um cheque emitido pela Afam no valor de R$ 90 mil. O cheque teria sido assinado por Riva e Éder, presidente do Mixto, segundo relata o MPF.

Informações como estas estão sendo divulgadas devido ao fim do sigilo sobre as investigações que correm na Justiça Federal de Mato Grosso. Até esta terça-feira, todos os dados estavam em segredo de Justiça.

Além de Éder e Vivaldo Lopes, a ação penal por crimes financeiros e lavagem de dinheiro que menciona os repasses ao clube tem como denunciados a esposa de Éder, Laura Tereza da Costa Dias, e Luis Carlos Cuzziol, superintendente regional do BIC Banco – instituição que teria também atuado no suposto núcleo financeiro clandestino investigado pela PF na Ararath. Cuzziol chegou a ser preso pela PF, mas já foi liberado.

Outro lado - Advogado de defesa de Vivaldo, Ulisses Rabaneda, declarou ao G1 que todas as movimentações financeiras envolvendo seu cliente tinham origem e destinação legais, o que será comprovado por perícia contábil, fazendo com que a acusação de lavagem de dinheiro "caia por terra".

Segundo ele, o secretário-adjunto é inocente porque apenas prestou consultoria financeira ao Mixto e, neste período, teve dinheiro depositado em sua conta por patrocinadores para uso nas despesas do clube.

Rabaneda também criticou o fato de que Vivaldo jamais foi interrogado pelo MPF a respeito - sua alegação de que o Mixto recebeu apenas um repasse de R$ 75 mil teria sido veiculada pela imprensa, não obtida via depoimento no inquérito federal. "Causa espécie, chega a causar espanto uma denúncia dessa. É preocupante denunciar alguém sem provas", declarou o advogado.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de defesa de Éder Moraes.

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