Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que nos primeiros 32 dias do período proibitivo para as queimadas em Mato Grosso, iniciado no dia 15 de julho, foram registrados 3.492 focos de calor, número 43% menor que o mesmo período do ano passado, que registrou 6.226 focos. O Corpo de Bombeiros (BM) e o Batalhão de Emergências Ambientais (BEA) atenderam, até o momento, cerca de 350 ocorrências.
Entre os municípios com maior incidência de queimadas nesse período, estão: Colniza (363), Campinápolis (238), Paranatinga (154), Aripuanã (130), Juara (109), Gaúcha do Norte (106), Canarana (89), Cocalinho (89), São Félix do Araguaia (89), Nossa Senhora do Livramento (78), Nova Nazaré (78), Alto Boa Vista (77), Santo Antônio do Leverger (73), Cotriguaçu (66), Vila Bela da Santíssima Trindade (65), Nova Canaã do Norte (62), Peixoto de Azevedo (60), Apiacás (58), Nova Bandeirantes (57) e Barão de Melgaço (56).
Conforme o comandante do BEA, o tenente do BM Paulo André Barroso, a redução no número de focos de calor ocorre desde o início do ano. Dados mostram que de 1º de janeiro a 13 de agosto de 2017, MT registrou 9.592 focos, montante 29% inferior ao contabilizado no mesmo período do ano anterior, quando foram registrados 13.589 focos. Já os estados da Amazônia Legal e o Brasil reduziram 5% e 8% respectivamente.
A diminuição tem refletido positivamente e, após ocupar por vários meses seguidos o primeiro lugar no ranking dos nove estados amazônicos, MT está no segundo lugar com 9.592 pontos, atrás do Pará (10.253) e na frente de Maranhão (5.840) e Tocantins (5.809).
Clima e ação humana
Para Barroso, há diversos fatores que contribuíram para a diminuição dos focos de calor, sendo os principais deles o climático, trabalho das integrado das equipes e conscientização da população. “O trabalho das equipes em campo tem feito a diferença nessa temporada. Temos mais recursos financeiros, equipamento para realizarmos as atividades e ainda contamos com a parceria das prefeituras de 11 municípios onde estão instaladas as brigadas municipais mistas”.
Barroso explica que as atividades dos brigadistas e militares não têm sido só apagar fogo. Eles recorreram a um método de ação baseada na educação ambiental e no diálogo, com o objetivo de promover a prevenção ativa das queimadas. “A brigada não espera a ocorrência chegar, vai a campo evitar que isso aconteça, sem deixar de lado o combate”.
Outro fator é que este ano choveu mais que em 2016 e 2015. Além disso, há várias frentes frias chegando em todo Brasil, o que poderá propiciar uma redução ainda maior. “Não podemos deixar de falar do apoio da população. Ela tem ficado mais consciente quanto ao uso inadequado do fogo e isso tem contribuído significativamente para o meio ambiente”.
Barroso destaca também que graças aos investimentos do Governo o BEA e parceiros tem realizado operações de prevenção e combate a incêndio florestais, como o a Operação Abafa Araguaia. Ação integrada das Forças de Segurança Pública especializadas na proteção ambiental do estado. O objetivo principal é fiscalizar e autuar os crimes cometidos por desmatamento e degradação florestal, em particular, queimadas não autorizadas e incêndios florestais.
“Tivemos um incremento financeiro de 258% a mais que o ano de 2014 para área de prevenção, controle e combate a incêndios florestais. Isso mostra que o estado se importa com a questão da proteção ambiental. Sem o meio ambiente não conseguimos uma produção razoável e saudável para manter Mato Grosso com o status de grande produtor de alimentos”.
Plano de combate - O ‘Plano de combate e prevenção às queimadas 2017’ conta com investimento de R$ 3 milhões na estrutura de prevenção e resposta, o dobro do ano passado e cerca de sete vezes superior ao que foi empregado em 2014, que totalizou R$ 438 mil.
A estrutura de atendimento conta com o apoio de 18 unidades do Bombeiro Militar, instaladas nos municípios mais populosos, com um efetivo de 1,4 mil bombeiros. Além disso, já estão montadas 11 brigadas mistas, para atender áreas sensíveis, como Água Boa, Colniza, Comodoro, Diamatino, Lucas do Rio Verde, Marcelândia, Nova Mutum, Sinop, Tapurah, Cláudia e Chapada dos Guimarães.
Também há este ano oito bases descentralizadas BEA, que são móveis e se deslocarão para as áreas críticas, além de duas equipes de perícia florestal (Bombeiros e Perícia Oficial e Identificação Técnica - Politec); cinco viaturas ABTF (Auto Bomba Florestal); uma ATC (Auto tanque combustível); 13 caminhonetes (Secretaria de Estado de Meio Ambiente - Sema e Bombeiros); duas aeronaves de combate a incêndio florestal e um helicóptero do Centro Integrado de Operações Áreas (Ciopaer).
Unidades de conservação são prioridades - Pelo terceiro ano consecutivo o atendimento das unidades de conservação estadual é prioritário, com um efetivo de mais de 250 combatentes florestais. Entre as 46 unidades sensíveis ao fogo que contarão com atenção reforçada estão: a Área de Proteção Ambiental (APA) Chapada dos Guimarães, Monumento Natural Morro de Santo Antônio, Parques Estaduais Gruta da Lagoa Azul, Serra de Ricardo Franco, Serra de Santa Bárbara, Araguaia, APAs Estaduais Cabeceiras do Rio Cuiabá e do Rio Paraguai e Transpantaneira.
Período proibitivo - O período proibitivo para as queimadas iniciou no dia 15 de julho e segue até o dia 30 de setembro, podendo ser prorrogado. Nesta época, utilizar fogo para limpeza e manejo nas áreas rurais é crime passível de seis meses a quatro anos de prisão, com autuações que podem variar entre R$ 7,5 mil a R$ 1 mil (pastagem e agricultura) por hectare.
Nas áreas urbanas, o uso do fogo para limpeza do quintal é crime o ano inteiro. As denúncias podem ser feitas na ouvidoria do BEA pelo 0800 647 7363, no 193 do Corpo de Bombeiros ou diretamente nas Secretarias Municipais de Meio Ambiente.
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