O juiz Murilo Moura Mesquita, da 11ª Vara Criminal Militar, ouve na manhã desta terça-feira (20.02), as testemunhas no processo que tem como réus os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Alexandre Ferraz Lesco, Ronelson Jorge de Barros, o tenente-coronel Januário Antônio Edwiges Batista e o cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior, acusados de participação no esquema de interceptação telefônica ilegal que ficou conhecido como “grampolândia pantaneira”.
Entre as testemunhas constam o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, responsável por autorizar as interceptações telefônicas feitas pela Polícia Militar. O magistrado classificou a utilização de suas decisões judiciais para instalações de grampos ilegais como uma “grande armação” e que se sentiu “enganado”.
Além dele, devem ser ouvidos ainda o empresário José Marilson da Silva e do 2º sargento da Polícia Militar João Ricardo Soler.
O empresário José Marilson da Silva e João Ricardo Soler chegaram a ser presos na Operação Esdras por suposto envolvimento no esquema de interceptações clandestinas, mas ambos foram soltos pela justiça.
José Marilson da Silva é apontado como o responsável pelo desenvolvimento do sistema ilegal de grampos telefônicos e ainda por guardar o equipamento.
João Ricardo Soler é apontado como a pessoa que instalou uma microcâmera na farda do tenente-coronel José Henrique Costa Soares, que atuava como escrivão nas investigações dos grampos na PM. A microcâmera teria sido instalada, conforme os autos, com objetivo de “espionar” o desembargador do Tribunal de Justiça, Orlando Perri – que era relator do processo dos grampos no TJ/MT-, para tentar afastá-lo do processo de investigação. Além de instalar o equipamento, Soler teria orientado o tenente sobre como utilizá-lo para gravar o magistrado.
Atualizada às 09h40 - O primeiro a prestar depoimento é o juiz Jorge Alexandre. Ele diz que não inseriu por conta própria números para serem interceptados e que apenas concedeu decisões judiciais baseados em inquéritos policiais anexados em processos criminais relacionado a envolvimento de policiais de diversas patentes em crimes de homicídio, tráfico de drogas, pistolagem e tráfico de armas.
Jorge Alexandre afirmou que jamais obteve ou ficou sabendo que pessoas do seu gabinete teve acesso as gravações telefônicas ilegais, e muito menos teve contato direito com qualquer um dos réus na ação. Ele revela que teve contato com coronel Zaqueu Barbosa, mas via e-mail.
Atualizada às 09h50 - Ainda sobre as gravações, o juiz relatou que nunca ouviu, pois não havia tempo para examinar todas as gravações; e negou ter sofrido qualquer ameaça dos acusados, e muito menos foi procurado por eles após a descoberta do esquema de grampos.
O magistrado afirmou que apenas ficou sabendo que suas decisões judicias poderiam ter proporcionado escutas ilegais de pessoas que não cometeram crimes quando o ex-secretário de Segurança do Estado, promotor Mauro Zaque o procurou e revelou o suposto esquema de grampos em 2015.
"Tá dando merda aqui, tão interceptando quem não deveria. Eu levei um susto", disse o magistrado ao revelar conversa com Mauro Zaque. Segundo ele, na época o então secretário disse que já tinha tomado providências.
Atualizada às 10h20 - Ao final do seu depoimento o juiz disse não se lembrar de todos os fatos relacionados aos pedidos de escutas, mas garante que todas as interceptações que foram deferidas foram com base legal, após apreciação.
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